quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Lula chora, fala em 'dedo de Deus' e que poderia ser pastor, mas foi um PRESIDENTE QUE MUDOU A CARA DO BRASIL E DE BRASILEIROS

Celso Calheiros
Vagner Magalhães
Direto do Recife


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chorou durante a festa de despedida organizada pelo governo de Pernambuco, no Marco Zero do Recife, nesta terça-feira. "Não é normal um retirante sair fugido da fome de Caetés, se tornar presidente da República. Isso tem dedo de Deus", disse, em seu último evento oficial no Estado natal. Em tom de brincadeira, o presidente afirmou que poderá se tornar pastor quando deixar o cargo: "imagina eu fazendo um sermão em Garanhuns".
Antes de Lula pegar o microfone, repentistas fizeram rimas planejando uma eventual volta dele ao cargo. Um sugeriu que, a partir de 1º de janeiro, o presidente está apenas saindo de férias: "passa quatro anos fora e depois ele vem". "Ele voltará de novo, quem sabe futuramente", disse outro. O presidente não conseguiu segurar o choro em pelo menos dois momentos.
"Não quero chorar mais do que eu chorei. Político não sabe chorar. Enquanto o povo chora para fora, cafunga, o político chora para dentro, tem vergonha", afirmou. Ao ser recebido com uma declamação do poeta Antônio Marinho, com o bordão "Pernambuco agradece o presidente", Lula se emocionou e foi abraçado pelo governador Eduardo Campos (PSB).
Ele entregou a Lula a comenda - uma faixa nas cores de Pernambuco - da ordem dos méritos dos Guararapes, a maior do Estado. Lula agradeceu a distinção e em seguida garantiu que dormiria com ela. "Vou ter de entregar a minha no sábado e fico muito feliz com esta", disse.
Obras do governo
A uma multidão de 15 mil pessoas, Lula falou de obras do governo federal no Nordeste e lembrou a transposição do rio São Francisco com ironia. "Aqueles que tomam Perrier gelada, que me permitam levar água tratada ao povo brasileiro". Sobre a BR-101, disse que "nem na Alemanha eles têm estradas com tamanha qualidade. Hoje o povo nordestino está mais feliz".
Ao lembrar das eleições em que derrotado por três vezes consecutivas, Lula afirmou que, em 1989, entrou em um barraco humilde e ouviu de sua moradora que não teria o voto dela porque ele lhe tomaria tudo. "Eu pensava comigo: 'ela não tem nada e dizia que tinha medo de mim'. Como isso era possível?".
Antes de deixar o palanque, Lula deixou um recado: "a palavra de ordem é apoiar a companheira Dilma (Rousseff, presidente eleita). Ela será parceira de Pernambuco. Quanto a mim, estarei pelas ruas deste País". O presidente ainda viaja para Fortaleza (CE) e para Salvador (BA) antes de retornar a Brasília.
O evento desta noite serviu para anunciar o início das obras do centro cultural Cais do Sertão Luiz Gonzaga e a cessão de terreno da União para a Associação Criança Cidadã Meninos do Coque. O centro cultural representará um investimento de R$ 26 milhões com a criação de um museu de alta tecnologia e um memorial a Gonzagão. O local possibilitará cursos de danças, de música, estúdios, bibliotecas e midiateca. A associação recebeu um terreno de 14 mil m² no bairro da Cabanga para construção de salas de concerto.
Homenagens do povo
A despedida de Lula não emocionou apenas o presidente, mas também o público presente ao Marco Zero. Pouco antes do presidente discursar, a administradora Gisely dos Santos, 30 anos, estendia um banner com fotos de sua formatura. Entre elas, uma de Lula, com um chapéu de vaqueiro.
"Todas as vezes que Lula vem a Pernambuco - foram 40 nos dois mandatos - eu choro e me arrepio", afirmou. Ela disse que conseguiu acesso a uma universidade particular por meio do Programa Universidade Para Todos (Prouni), do governo federal. "Se não fosse assim, jamais teria conseguido me formar".
No palco, também se apresentaram a dupla de repentistas Valdir Perez e João Paraibano - que provocou sorrisos na plateia com rimas singelas e entonação nordestina carregada -, e o cantor Maciel Melo, que arrancou aplausos ao final do seu número com as palavras: "no futebol, Pelé; nas artes plásticas, Cândido Portinari; e na política, Luiz Inácio Lula da Silva".

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

EXPOSIBRAM AMAZÔNIA 2010, maior evento do setor mineral do Norte

EXPOSIBRAM
AMAZÔNIA 2010
maior evento do setor mineral do Norte



Jefferson Santa Brígida em 23 nov 2010. Destaques
Pela segunda vez Belém do Pará, sedia nos dias 22, 23, 24 e 25 de novembro no HANGAR Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, a EXPOSIBRAM AMAZÔNIANIA 2010, o maior evento do setor mineral do Norte do Brasil.
Juntamente com a EXPOSIBRAM AMAZÔNIA 2010, que tem como tema “A Natureza Sustentável da Indústria Mineral”, acontece também o II Congresso da Mineração da Amazônia e a 2ª Exposição Internacional de Mineração da Amazônia. O Encontro é realizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), que este ano terá cerca de 100 expositores e um publico estimado de 10 mil pessoas.
A EXPOSIBRAM AMZÔNIA 2010 e o Congresso reúnem todas as empresas, entidades, lideranças empresárias, dirigentes da mineração, fornecedores, especialistas, acadêmicos, gestores públicos e estudantes do setor que debaterão assuntos ligados à atividade mineradora tais como: conservação da biodiversidade, garantia da sustentabilidade nas atividades desenvolvidas na Amazônia, relação entre comunidade e empresa e os avanços tecnológicos na área da mineração.
Para Paulo Camillo Penna, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), a preocupação que nesta segunda edição do evento, é qualificar o debate sobre a sustentabilidade e mostrar o que há de mais moderno no mercado, por meio dos palestrantes e expositores. “Estamos muito animados com a possibilidade de fomentar um diálogo de alto nível para o desenvolvimento da mineração tanto regional quanto nacional”, disse Paulo Camillo Penna.
PROGRAMAÇÃO
De 22 a 25 de novembro de 2010.
Abertura às 16h com a participação de autoridades estadual e federais.
Haverá um talk-show com o título “Mineração: indutora do desenvolvimento social” e bloco de discussão que debaterá os temas mineração na pós-crise econômica e a formação de novo parâmetro para a regularização da atividade mineral.
II Congresso de Mineração da Amazônia, promoverá 03 workshops, 14 palestras divididas em 07 painéis apresentados por profissionais de renome da área acadêmica e de gestão local, nacional e internacional.


FONTE: Amazoom Press (Jefferson Santa Brígida) e IBRAM

domingo, 21 de novembro de 2010

IBRAM -MINERAÇÃO TEM DÉFICIT DE MÃO DE OBRA

Brasil

Domingo, 21/11/2010, 05h24
Mineração tem déficit de mão de obra

Procuram-se profissionais na área de mineração. A demanda por trabalhadores especializados no setor mineral é grande e, de acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), a tendência é aumentar diante de um cenário que aponta para um horizonte promissor, sobretudo no Pará. Até 2014, o Brasil receberá uma soma de investimentos superior a US$ 62 bilhões feitos pelo setor. Tamanho volume de recursos, empregados em sua maioria pela iniciativa privada (cerca de 90%), gerará um crescimento econômico de proporções ainda desconhecidas na história paraense.
NOVAS VAGAS
Os mais de US$ 62 bilhões a serem injetados na economia brasileira por grandes empreendimentos deverão criar cerca de 120 mil novas vagas de emprego, até 2014. O polo Carajás (sul e sudeste do Estado) será a região que mais vai empregar nos próximos anos. Serão 64.144 novos postos de trabalho. Se por um lado a implantação de novos projetos minerários no Pará gera expectativas, a preocupação também se dá na mesma medida quando o assunto é mão de obra especializada. Na área de mineração, a lei da oferta e da procura pesa cada vez mais para o lado das empresas: “O problema da mão de obra talvez seja, hoje, o grande calcanhar de Aquiles do setor”, destaca Paulo Camillo, presidente do Ibram, acrescentando ainda que o déficit de pessoal qualificado para atuar na mineração chega a 90%.
SOLUÇÕES
Para tentar resolver o gargalo, as empresas têm buscado soluções que vão desde o resgate de profissionais já aposentados até o investimento em capacitação e formação da mão de obra local. É a corrida para cumprir o cronograma de implantação dos empreendimentos. “As empresas já começaram a buscar pessoas de especialidades diferentes. Os engenheiros civis, por exemplo, estão passando a trabalhar na área de mineração”, afirma Camillo.
E a alternativa encontrada pelas empresas de especializar os profissionais da engenharia civil na área da mineração também enfrenta outra conjuntura nacional: o déficit brasileiro por profissionais de Engenharia já é um motivo de alerta, de acordo com o presidente do Ibram: “Até 2014, o Brasil deveria ter formado 50 mil engenheiros por ano e estamos formando 30 mil. A Coreia forma cinco vezes”, calcula.
EXPOSIBRAM
A geração de emprego e renda na mineração, assim como o desenvolvimento local e regional proporcionado pelos empreendimentos do setor, serão discutidos na Exposibram Amazônia 2010 e 2º Congresso de Mineração da Amazônia, que acontecerão de 22 a 25 de novembro, no Hangar Centro de Feiras e Convenções da Amazônia. O evento é uma iniciativa do Ibram e contará com mais de 100 expositores, confirmados.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

MME Abre Consulta Pública Para o Plano Nacional de Mineração

O Ministério de Minas e Energia (MME) abre consulta pública para o Plano Nacional de Mineração (PNM-2030), cuja portaria n° 917 foi publicada, nesta quarta-feira (10), no Diário Oficial da União (DOU). O documento, elaborado pela Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral (SGM), é o primeiro plano para um período de 20 anos realizado no País.


Após um amplo processo que contou com a contribuição de estudos sobre o setor mineral brasileiro e a realização de várias oficinas e seminários com mais de 400 participantes, consolidou-se um documento base que ficará disponível para consulta pelos próximos 30 dias. Essa fase visa assegurar que todos os interessados no tema tenham a oportunidade de participar.

O documento base do PNM - 2030 pode ser acessado no endereço eletrônico do MME http://www.mme.gov.br/sgm, na pagina da SGM, no ícone "Plano Nacional de Mineração 2030". As contribuições deverão ser feitas em formulário específico (acesse aqui o formulário) a fim de facilitar a consolidação do texto final, e serão recebidas durante o período de 10 de novembro a 9 de dezembro de 2010.

O formulário de contribuições poderá ser enviado para o e-mail pnm-2030@mme.gov.br ou para a Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, no Ministério de Minas e Energia (Esplanada dos Ministérios, Bloco U, Sala 405,- Brasília - DF, CEP 70.065-900).

Acesse aqui para consultar o PNM-2030

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Minerais de terras raras trazem esperança à mineração no oceano - New York Times News Service

Durante décadas, empreendedores tentaram ficar ricos coletando rochas feiosas, do tamanho de batatas, que cobrem o fundo do mar no mundo todo. Conhecidas como nódulos de manganês, as rochas são ricas em níquel, cobre e cobalto, além de manganês e outros elementos, mas ficam quilômetros abaixo em meio a uma turva escuridão.


Construir máquinas gigantes e aspirá-las para cima, apesar de muitos estudos e investimentos, nunca provou ser uma opção economicamente viável. Agora, os visionários frustrados vêm conversando animadamente sobre a possibilidade de um sucesso tardio, talvez até mesmo lucros. Acontece que os nódulos contêm os chamados minerais de terras raras - elementos com amplas aplicações comerciais e militares, mas que atingiram uma barreira de produção. A China, que controla cerca de 95% das reservas mundiais, bloqueou as remessas, disparando alarmes políticos ao redor do mundo e uma corrida por alternativas. A China cancelou seu embargo no fim do mês passado, mas a caçada por novas opções continua. Então os mineradores do oceano estão finalmente sorrindo? "As pessoas estão bastante intrigadas", afirmou James R. Hein, geólogo da U.S. Geological Survey especializado em minerais do fundo do mar. Dependendo do comportamento da China e da reação mundial, disse ele, "as terras raras podem ser a força motivadora num futuro próximo". Em outubro, Hein e cinco colegas da Alemanha apresentaram um artigo sobre a colheita de nódulos por seus "metais raros e valiosos". Eles estavam no encontro anual do Instituto de Mineração Subaquática, localizado na Universidade do Havaí.
O artigo despertou visões de um recomeço. "Elas realmente agregam valor", Charles L. Morgan, presidente do instituto, disse sobre as terras raras numa entrevista.

O resultado, segundo ele, é que os nódulos obtiveram um novo esplendor. "As pessoas estão começando a pensar, 'Bem, talvez essas coisas não sejam tão tolas no final das contas'". Morgan disse estar considerando se analisava uma coleção de cinco mil amostras de nódulos do mundo todo, administrada por ele, para identificar seu conteúdo de terras raras. Porém, ele advertiu que a mineração do fundo do mar possui um histórico de altos e baixos. "Esse novo artifício pode levá-los ao limite para torná-los realmente econômicos", afirmou ele sobre os nódulos. "Mas isso ainda precisa ser provado". Os elementos conhecidos como terras raras contam 17 no total, e variam do cério e disprósio ao túlio e ítrio. Suas propriedades únicas levaram a seu crescente uso em muitas tecnologias da vida moderna. As aplicações incluem ímãs, lasers, fibra ótica, drives de discos de computadores, lâmpadas fluorescentes, baterias recarregáveis, conversores catalíticos, chips de memória de computadores, tubos de raio-X, supercondutores de altas temperaturas e as telas de cristal líquido de televisões e monitores. O U.S. Geological Survey descreve os raros elementos como "essenciais para centenas de aplicações" e prováveis candidatos a um "crescente conjunto" de produtos de alta tecnologia. Carências de abastecimento que se estendem por muito tempo, segundo advertiu a agência num relatório, "forçariam mudanças significativas em muitos aspectos tecnológicos da sociedade americana".
A Secretária de Estado dos EUA, Hillary Rodham Clinton, declarou recentemente que o embargo às importações da China era um "alarme" para que o mundo encontrasse novos recursos. Apesar de seu nome, a maioria das terras raras não é particularmente rara. Porém, suas propriedades geoquímicas significam que elas raramente se concentram em bolsas exploráveis de minério. Nas últimas duas décadas, a maior parte da produção mudou para a China - pelos menores custos e por seu histórico de regulamentação permissiva quanto a perigos ambientais. (O processamento das terras raras pode criar subprodutos tóxicos.) Cientistas já sabem das terras raras em rochas do leito do mar há décadas, analisando-as com curiosidade. Em 1968, Alan M. Ehrlich, químico do MIT (sigla em inglês para Instituto de Tecnologia de Massachusetts), redigiu uma dissertação de Ph.D. intitulada "Abundância de Terras Raras em Nódulos de Manganês".
Numa entrevista, ele expressou surpresa ante o interesse dos mineradores marítimos, dizendo que as concentrações eram baixas demais para gerar um ressurgimento dos nódulos.
Os potenciais mineradores concordam.
Mas afirmam que a alta global de preços para os metais mais comuns encontrados nas rochas vem aumentando o apelo.
Os investidores, segundo eles, enxergam a presença dos elementos exóticos como a cobertura do bolo.
"No momento atual, as terras raras não são a força motivadora", disse Hein, da agência de pesquisa geológica.
"Para o cobre e o níquel, porém, os preços estão lá".
Ele afirmou que a redução das reservas terrestres de cobre - um ingrediente essencial da indústria que é usado em tudo, de fios e interruptores a canos e telhados - obrigou os mineradores em terra a buscar minérios de categoria cada vez mais baixa, e elevou o interesse nos recursos do fundo do mar.
Por exemplo, o minério na mina chilena de cobre e ouro que desmoronou em agosto, prendendo 33 mineiros, gera concentrações de cobre que medem apenas 0,5%, afirmou Hein.
"Os nódulos têm 1%", acrescentou ele, "então são duas vezes mais ricos".
A consequência é uma nova onda de interesse mundial em coletar os nódulos do fundo do oceano - terras raras e tudo o mais.
"Esse segmento está ficando mais ativo", disse Morgan, do Instituto de Mineração Subaquática.
"As pessoas da indústria estão voltando a olhar para esse lado".
© 2010 New York Times News Service
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 Dépositos ferromanganesíferos  de oceano profundo

Jorge J. C. Palma & Ivo B. M. Pessanha
Universidade Federal Fluminense
Departamento de Geologia/Laboratório de Geologia Marinha LAGEMAR
Av. Litorânea s.n., Gragoatá, Niterói, RJ, 24.210-340
Telefone e fax: (5521)2719-4241
Email: jorge@igeo.uff.br / ivo@igeo.uff.br
Os depósitos ferromanganesíferos (nódulos polimetálicos e crostas cobaltíferas) são considerados recursos minerais muito promissores pelos altos conteúdos de metais importantes, como Ni, Co, Cu e Mn. Entretanto, apresentam extrema variabilidade de distribuição, morfologia, propriedades físicas, químicas e mineralógicas, o que interfere sobremaneira nos processos de mineração e de tratamento de minério. A investigação sistemática dos principais depósitos, no Pacífico e Índico, nos últimos 30 anos, permitiu identificar os fatores de controle da formação dos campos de nódulos e dos pavimentos de crostas polimetálicas. Uma revisão resumida desse conhecimento é apresentada neste trabalho. A condição inicial básica para a formação dos depósitos é a combinação de localização de fontes de metais com circulação oceânica superficial para prover Fe, Mn e elementos menores como Na, Ca, Sr, Ni, Cu, Co, Mo. Os processos de precipitação podem ser hidrogenéticos e/ou diagenéticos. No processo hidrogenético, formam-se oxi-hidróxidos coloidais complexos, enriquecidos em Fe e Co que precipitam diretamente sobre os topos de nódulos ou formam crostas sobre superfícies de afloramentos rochosos expostos por milhões de anos à ação de correntes, em encostas de montes, cristas e platôs submarinos. Nas baixas latitudes, zonas de produtividade primária superficial baixa a moderada favorecem processos biogênicos e diagenéticos de crescimento de nódulos enriquecidos em Mn, Ni e Cu. A profundidade do assoalho oceânico varia geralmente de 4.000 m a 5.500 m, na faixa ou abaixo da profundidade de compensação de carbonato. Topografia local irregular e sedimentação terrígena desprezível possibilitam o crescimento e o enriquecimento metálico de nódulos. As condições geológicas e oceanográficas do Atlântico Sul são mais favoráveis aos processos hidrogenéticos de formação de crostas cobaltíferas. Porém, somente com estudos sistemáticos será possível avaliar adequadamente o potencial de depósitos de Fe-Mn de mar profundo, nesta região.
Palavras-chave: Recursos Minerais Marinhos; Nódulos polimetálicos; Nódulos de manganês; Crostas polimetálicas.
Deep-seabed ferromanganese deposits - Deep-seabed Fe-Mn deposits are very promising mineral resources due to their high contents of important metals as Ni, Co, Cu, Mn, Pt, Tl, Te, and other metals. Nevertheless, they show so variable distribution, morphology, and physical, chemical, and mineralogical proprieties as to impact future mining operation and metallurgical processing. Systematic investigation of the main areas of occurrence in the Pacific Ocean and Central Indian Ocean Basin over the past 30 years allows one to identify main controls of formation and growth of nodule fields and polymetallic encrustations. In the present work this knowledge is summarily reviewed. The basic condition to form Fe-Mn deep-seabed deposits is a combination of sources of metals and circulation of superficial waters to provide a due flux of Fe, Mn, as well as minor elements like Na, Ca, Sr, Ni, Cu, Co, and Mo. Hydrogenetic and/or diagenetic processes may form Fe-Mn deposits. Hydrogenetic precipitation of colloidal Fe/Co-rich oxy-hydroxides may accrete the upper side of nodules or pave basaltic outcrops swept by bottom currents over million years. Low latitudes and weak to moderate primary productivity zones favor biogenetic and diagenetic growth of high-grade Mn, Ni, and Cu nodules. Diagenetic growth occurs mostly on seafloor 4000 m to 5500 m deep, in or below the range of calcite compensation depth. Moderate pelagic sedimentation and locally rough topography favor fast growth of Mn/Ni/Cu-rich nodules. South Atlantic geological and oceanographic settings apparently meet requirements for hydrogenetic formation of Co-rich crusts rather than Mn-rich nodules but only systematic studies will allow properly assess of potential deep-seabed Fe-Mn deposits in this region.
Key words: Marine Mineral Resources; Polymetallic nodules; Manganese nodules; Polymetallic crusts.
INTRODUÇÃO
Acumulações superficiais de óxidos e hidróxidos de ferro e manganês são conhecidas desde a Antigüidade e ocorrem em todos os ambientes aquáticos do planeta. Entre essas ocorrências destacam-se, por sua importância científica e econômica, as concentrações em forma de crostas e campos de nódulos polimetálicos das regiões oceânicas profundas. Descritos de modo sistemático pela primeira vez durante a famosa expedição científica da fragata inglesa H.M.S. Challenger (1873-1876), os nódulos demanganês ou polimetálicos foram objeto de investigação puramente científica até a primeira metade do século XX, em razão da excepcional variabilidade de suas características físicas, químicas e mineralógicas, bem como de sua ampla distribuição e elevada abundância. Este enfoque mudou com a expansão industrial após a Segunda Guerra Mundial e os nódulos polimetálicos, por conterem teores elevados de metais então considerados estratégicos, passaram a exercer forte atrativo econômico, e tornaram-se os precursores do interesse pela mineração em larga escala nos oceanos. Dados os altos custos envolvidos com a exploração e o desenvolvimento tecnológico requerido para a explotação e aproveitamento econômico das enormes reservas minerais situadas em profundidades abissais, poderosos grupos empresariais e governos de países industrializados formaram vários consórcios nacionais e internacionais especialmente na 2ª metade da década de 1970. Ainda em conseqüência desse interesse e da iminência do início da explotação dos depósitos de nódulos polimetálicos, conforme as previsões otimistas da época, adveio a necessidade de uma regulamentação internacional para a utilização dos recursos marinhos. A convocação da III Conferência das Nações Unidas sobre o Direito do Mar foi motivada em grande parte por esta necessidade. Em 1984 entrou em vigor a Convenção das Nações Unidas para o Direito do Mar (CNUDM)
Contudo, a retração da economia mundial que se seguiu e os encargos oriundos da CNUDM desestimularam os investidores privados, de modo que atualmente apenas governos de alguns países continuam subsidiando a exploração dos nódulos atendendo a interesses estratégicos nacionais.
Mais recentemente, incrustações ferromanganesíferas (crostas polimetálicas ou cobaltíferas) dos fundos rochosos marinhos, também têm atraído investimentos importantes em pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico devido aos teores elevados de metais e outros elementos de interesse comercial. Além dos aspectos econômicos deve-se considerar a importância científica das crostas polimetálicas uma vez que encerram registros valiosos da evolução paleoceanográfica e paleoclimática desde o Terciário.  Nesta revisão resumida do estado atual do conhecimento sobre os depósitos ferromanganesíferos de oceano profundo, discute-se a extrema variabilidade das características morfológicas, físicas, químicas e mineralógicas desses jazimentos e as causas e implicações científicas e econômicas dessa diversidade. São abordadas as condições geológicas e oceanográficas em que ocorrem os nódulos e crostas, a localização, o modo de formação das principais concentrações conhecidas e aspectos das atividades de exploração e lavra.
Em conclusão, com base no conhecimento dos depósitos mais importantes, é avaliado o potencial de ocorrência de depósitos significativos no Atlântico Sul e, tendo em vista o desenvolvimento tecnológico alcançado neste campo, são considerados outros aspectos dos interesses brasileiros, em termos das possibilidades, conveniências de participação em tais empreendimentos e eventuais repercussões para o setor mineral brasileiro.
FORMAS E PRINCIPAIS OCORRÊNCIASDE DEPÓSITOS DE FE-MN DE OCEANO PROFUNDO
As concentrações de Fe e Mn em oceano profundo ocorrem mais comumente como revestimentos do assoalho oceânico em forma de películas oxidadas finas, aglutinações de núcleos cobertos por óxidos, crostas de espessura variável ou concreções nodulares de dimensões também muito variável, condicionados pelo ambiente geológico-oceanográfico em que se formam e crescem. Os depósitos de Fe-Mn de mar profundo distribuem-se por todos os oceanos, sendo mais abundantes e mais ricos em conteúdo metálico os seguintes ·Nódulos da zona Clarion-Cliperton (ZCC), no Pacífico nordeste, limitada a oeste e a leste pelas Ilhas do Havaí e Baixa Califórnia e a norte e sul pelas zonas de fraturas Clarion e Clipperton, respectivamente, Nódulos da Bacia Indiana Central (BIC), entre a Cordilheira Central Indiana, a Cadeia 90º Leste e limitada ao sul pela Cordilheira Indiana Sudoeste Nódulos da Bacia do Peru, no Pacífico sudeste, entre a elevação de Galápagos a leste, a fossa do Peru a oeste, as ilhas Galápagos, a norte e a Cadeia Carnegie a sul Crostas de Fe e Mn dos montes submarinos, abundantes no Oceano Pacífico
No oceano Atlântico, ocorrências importantes de nódulos e crostas são relatadas no Blake Plateau, margem continental leste norte-americana (Manheim, 1972).
CARACTERÍSTICAS REGIONAIS DOS DEPÓSITOS DE FE-MN DE OCEANO PROFUNDO
Nas três principais áreas de ocorrência dos nódulos polimetálicos, nos oceanos Pacífico (ZCC e Bacia do Peru) e Índico (BIC), identificam-se situações ambientais comuns quanto aos fatores que condicionam regionalmente a formação dos campos de nódulos, a saber: fontes de metais, circulação oceânica, produtividade primária superficial, profundidade, relevo, cobertura sedimentar e geologia do embasamento oceânico.
A circulação oceânica nas 3 áreas consideradas favorece o transporte dos metais que provêm de fontes diversas para se concentrar nas áreas de ocorrência dos nódulos. Na Zona Clarion-Clipperton, por exemplo, segundo Morgan (2000), a corrente Norte Equatorial domina a circulação das águas superficiais de leste para oeste, até 10º S, enquanto a sul desta latitude as águas são transportadas no sentido inverso pela contra-corrente equatorial (Fig.2). Morgan (op. cit.) atribui à corrente Norte Equatorial o transporte de Mn adsorvido em pequenas partículas concentradas no topo da termoclina desde as fontes terrestres e vulcânicas do metal, situadas ao leste, no continente e na margem continental norte-americana, respectivamente.
As concentrações de nódulos mais importantes localizam-se em baixas latitudes, onde taxas reduzidas a moderadas de produtividade superficial, identificados junto às áreas dos depósitos (Fig. 5), dão origem à sedimentação biogênica que favorece os processos diagenéticos de crescimento e concentração metálica dos nódulos, discutidos adiante.
Os campos de nódulos de maior significado econômico jazem em fundos marinhos a profundidades variáveis geralmente entre 4.000 m e 5.000-6.000 m, em áreas de topografia irregular, sendo o relevo local um importante fator de condicionamento de abundância, crescimento e composição das concreções polimetálicas (Morgan, 2000, Jauhari e Pattan, 2000; Stackelberg, 2000). Na área estudada com maior detalhe na Bacia do Peru, predomina a topografia suave de colinas abissais, com montes submarinos que se elevam até cerca de 2.000 m de lâmina d'água e relevo montanhoso na parte sul da área.
A relação entre a batimetria, a lisoclina e a profundidade de compensação de calcita (calcite compensation depth CCD) controla a natureza, a taxa de sedimentação e consequentemente a espessura de sedimentos inconsolidados que recobrem o fundo oceânico. Na província de nódulos da Bacia do Peru, a profundidade está compreendida na faixa de compensação de carbonato. A lâmina d'água varia de 3.500 m a 4.500 m, enquanto a lisoclina situa-se a cerca de 3.700 m e a CCD entre 4.200 m e 4.250 m (Stackelberg, 2000), o que causa uma variação acentuada dos teores de carbonato nos sedimentos em função da profundidade local. Na ZCC, por outro lado, o fundo oceânico situa-se a profundidades maiores que a CCD, implicando numa sedimentação predominante de vazas silicosas. As espessuras dos sedimentos superficiais, essencialmente pelágicos, variam de poucas dezenas a centenas de metros. O embasamento oceânico nas regiões de acumulação preferencial de nódulos tem idades que variam de 20 Ma. a cerca de 80 Ma., o que constitui um fator importante dada a necessidade de tempo suficiente para o crescimento dos nódulos.
NÓDULOS POLIMETÁLICOS
Características morfológicas, físicas, químicas e mineralógicas
A extrema variabilidade das propriedades dos nódulos polimetálicos é explicada pela diversidade de fatores que influenciam sua formação. Entre estes fatores destacam-se a localização e abundância das fontes dos metais constituintes, a natureza e idade dos nódulos e do substrato, bem como o ambiente de transporte, deposição e diagênese em que se formou o nódulo. O hábito externo mais comum dos nódulos polimetálicos é de pequenas pelotas levemente achatadas, porém são também encontrados em formas irregulares, alongadas, tabulares, elipsoidais e poligonais (Fig. 6). Nos depósitos do Índico foram encontradas 13 formas distintas, em uma área de cerca de 71.000 km2 (Jauhari & Pattan, 2000).


A superfície dos nódulos pode apresentar textura mamilar (botrióide), lisa ou fissurada, bem como pode ser perfurada ou revestida de incrustações orgânicas. A estrutura interna indica crescimento em camadas concêntricas, visíveis  a microscópicas, em torno de um ou mais núcleos (nódulos mono ou polinucleados) de fragmentos de basaltos, grãos de areia, fosfatos, carbonatos, bioclastos, ou até mesmo em torno de objetos artificiais. Os nódulos polimetálicos apresentam uma coloração geralmente castanha, quando predominantemente ferríferos, ou preto-azulada, se manganesíferos, com dimensões médias de 3 cm, porém podem atingir até 25 cm. Os nódulos na Bacia Indiana Central ocorrem em tamanhos menores que 2 cm até 10 cm ou mais e na Bacia do Peru a maioria tem diâmetro na classe de 2-4 cm até um máximo de 18 cm. Os nódulos polimetálicos são leves, porosos e muito friáveis. A densidade e a dureza variam em faixas bem definidas de 2,1-3,19 g/cm3 e 2 (gesso) 4 (fluorita), respectivamente. Cerca de 50-60% do volume dos poros, cujo diâmetro varia de 0,1 a 0,01 cm, é preenchido por água. A friabilidade, a porosidade e a dureza variam com o teor de CaCO3 (Cronan, 1980). Os nódulos são constituídos por uma variedade notável de elementos químicos. A composição química é heterogênea em nódulos individuais e em pequenas distâncias. O grau de enriquecimento de alguns elementos de elevado valor econômico pode ser bastante expressivo em relação à abundância na crosta terrestre A composição mineralógica dos nódulos polimetálicos é complexa. Predominam as fases mineralógicas autigênicas, principalmente oxihidróxidos de Mn e de Fe. Os óxidos de Mn, todoroquita (MnO2 hidratado), birnessita, vernadita (dMnO2), manganita (7/10 A°) e psilomelano, na ordem, apresentam graus de cristalinidade decrescente e razão O:Mn crescente (1,74 - 1,99). O óxido de ferro mais comum é a goetita. Podem ocorrer substituições iônicas do Mn e do Fe por outros elementos (Na, Ca, Sr, Cu, Co, Ni, Mo).
Minerais detríticos (argila, quartzo, rutilo, barita) também são encontrados.
A vernadita associa-se a ambientes mais oxidantes, proporcionados por uma circulação aberta. Nestas regiões é comum a substituição de Mn+4 e Fe+3 por Co+2 e Co+3. Já a todoroquita predomina em ambientes pouco oxidantes, enriquecidos em matéria orgânica, com circulação bastante restrita, característica de depressões locais em águas mais profundas.Nestas condições, os cátions divalentes de Cu, Ni e Zn substituem Mn+2 na estrutura cristalina da todoroquita. Fatores relevantes no controle da formação e crescimento dos nódulos
A formação dos nódulos, seu crescimento e enriquecimento em metais são condicionados localmente por combinações complexas de fatores geológicos, físico-químicos, oceanográficos, biológicos e geoquímicos reveladas pelos estudos realizados nas áreas de maior interesse econômico. Morgan (2000), Jauhari e Pattan (2000) e Stackelberg (2000) sintetizaram as revisões mais completas (U.N., 1982; Glasby, 1977) e resultados de numerosas pesquisas sobre esses fatores e mecanismos genéticos associados. O resumo a seguir baseia-se nas sínteses produzidas, respectivamente, pelos referidos autores. As condições iniciais básicas para a formação dos depósitos ferro-manganesíferos em geral são a existência de fontes de metais próximas e obviamente de ambiente oxidante para a precipitação de óxidos de Mn e Fe.
As fontes de metais podem ser, principalmente, descarga fluvial de sedimentos terrígenos ou exalações hidrotermais submarinas. Como descrito anteriormente, no Pacífico Norte, a entrada de metais no ambiente marinho ocorre a leste da província de nódulos de Clarion-Clipperton. O Fe e o Mn em solução no material descarregado pela drenagem da costa oeste norte americana, bem como pelas emanações vulcânicas da Cordilheira do Pacífico Oriental, são transportados lateralmente pela corrente Norte Equatorial. Na Bacia Central Indiana, aparentemente a fonte é única. O aporte metálico provém da enorme a descarga sedimentar dos rios Ganges e Brahmaputra, distribuída pelas correntes de turbidez até cerca do limite norte bacia oceânica central As condições de oxidação também existem em todos os oceanos. O ambiente de alto potencial de oxi-redução prevalece nas águas oceânicas de circulação franca e somente restrições como as existentes no Mar Vermelho, p. ex., podem impedir o fluxo e a precipitação desses metais. Em presença dessa condições inciais, para o desenvolvimento de depósitos de Fe-Mn a atividade biológica tem papel relevante, pois a natureza e o enriquecimento metálico das fases mineralógicas que constituem os nódulos relacionam-se claramente com a produtividade primária superficial, a profundidade do assoalho oceânico, da lisoclina e da CCD. Em zonas de alta produtividade, os organismos planctônicos que proliferam nas águas superficiais concentram os metais dissolvidos e possibilitam seu transporte vertical até o assoalho marinho. A abundância máxima de nódulos na região Bacia do Peru, p. ex., encontra-se onde a concentração de carbono orgânico na superfície dos sedimentos é responsável pela alta taxa de crescimento dos nódulos. Nesta área, a elevada bioprodutividade se deve à influência das águas enriquecidas em nutrientes provenientes da ressurgência da costa do Peru. Nas áreas onde o assoalho oceânico situa-se a profundidades entre a lisoclina e a CCD, há cristalização preferencial de todoroquita nas porções soterradas dos nódulos, com enriquecimento em Ni, Cu e Zn. Neste caso as faces superiores dos nódulos terão vernadita como óxido de manganês predominante, com enriquecimento em Fe e Co, principalmente.  Na BIC a profundidade da lâmina d'água na bacia varia entre 4500 e 5600 m. Devido à influência da massa d'água profunda do Índico norte, a lisoclina do carbonato fica em torno de 4000 m enquanto que a CCD situa-se a cerca de 5000 m. Nestas condições a abundância varia de esparsos nódulos isolados a mais de 20 Kg/m2. A taxa de sedimentação pelágica controla a formação e o crescimento dos nódulos. A taxa deve ser suficiente para a deposição de uma camada pouco espessa de sedimentos (da ordem de dezenas a poucas centenas de metros), de modo a permitir o crescimento diagenético das partes inferiores dos nódulos, mas limitada, a ponto de não haver o soterramento total dos mesmos e a diluição excessiva dos metais pelos sedimentos em suspensão.
Na BIC, as dimensões dos nódulos são claramente influenciadas pela taxa de acresção, por sua vez controlada pelo gradiente geoquímico, o qual, neste caso, é determinado primordialmente pela profundidade de imersão do nódulo nos sedimentos. Aparentemente o revolvimento da superfície, bem como dos primeiros centímetros do sedimento marinho, propiciam um aumento na taxa de crescimento dos nódulos polimetálicos.
A variação na taxa de crescimento é causada também por oscilações climáticas, entretanto a atividade biológica e a bioturbação dos sedimentos são processos muito mais freqüentes. Muitos nódulos dos depósitos do oceano Índico apresentam taxas de crescimento assimétricas, o que pode ser conseqüência da atividade biológica, cuja variação de intensidade gera diferentes microambientes ao longo da coluna sedimentar. Em função do gradiente geoquímico entre a superfície do sedimento e o limite da camada redox, aproximadamente 5-10 cm de profundidade, os nódulos podem medir mais que 21 cm de diâmetro.
Outro fator destacado no condicionamento dos nódulos é o relevo local. Assim, a notável heterogeneidade da distribuição dos nódulos relaciona-se diretamente com variações topográficas em pequenas distâncias. Mesmo em áreas de grande abundância, bolsões com elevada concentração de nódulos intercalam-se com áreas com poucos ou até mesmo nenhum nódulo. Em regra, os nódulos tendem a ser mais abundantes em áreas de topografia irregular, com altos, vales e encostas e são mais esparsos em planícies abissais. Em contrapartida, os nódulos de planícies abissais tendem a ser mais ricos em Mn, Cu e Ni, evidenciando uma clara correlação negativa entre abundância e os teores destes metais. Ao contrário, o máximo de abundância tem uma correlação muito boa com a concentração máxima de carbono orgânico nos sedimentos superficiais
O mapeamento batimétrico detalhado da bacia central do Oceano Índico, com multifeixe revelou muitas depressões locais, de significativa influência no movimento e distribuição das massas d'água, transporte de sedimentos, atividade química, enriquecimento dos nódulos e na sua distribuição na região. A taxa de crescimento pode ser superior a 250 mm/Ma. nas depressões, enquanto que nos pontos topográficos mais elevados o crescimento hidrogênico chega a ser 50 vezes menor.  Em locais com relevo acidentado, os nódulos são mais abundantes nos altos topográficos, onde, porém são menos ricos em Mn, Cu e Ni que os nódulos das porções mais aplainadas. Os nódulos esferóides e elipsóides são comumente pequenos, e os discóides e alongados tendem a serem maiores. Nódulos da mesma faixa de tamanho possuem semelhante morfologia, mineralogia e química, demonstrando a possibilidade de um mesmo processo genético, enquanto nódulos de diferentes faixas de tamanho, refletem diferentes condições ambientais e conseqüentemente processos de formação diversificados.
A distribuição, a forma e o tamanho dos nódulos são influenciados pela existência, morfologia e natureza de fragmentos de rocha (principalmente vulcanoclastos), bioclastos, grãos minerais e outros corpos necessários à nucleação das concreções nodulares. Locais em que não há materiais que possam servir como núcleos, observa-se a ocorrência de micro-nódulos disseminados nos sedimentos.
CROSTAS COBALTÍFERAS
As crostas polimetálicas ocorrem em montes submarinos, cadeias de montanhas e platôs marginais espalhadas por todo o oceano Pacífico, desde as Ilhas Aleutas, no norte, até o setor Pacífico da cordilheira circum-Antártica. As elevações submarinas onde se desenvolvem crostas são aquelas em que correntes oceânicas mantiveram as rochas livres de aporte sedimentar durante milhões de anos (Hein et al., 2000). Os referidos autores descrevem as principais características das crostas cobaltíferas que são resumidas nesta seção. As crostas se formam em regiões de substrato de rochas duras, em ambientes de massas d'água frias resultando em pavimentos de até 250 mm de espessura. A principal importância destas crostas é a presença de Co, Ni, Pt, Mn, Tl, Te e outros metais, mas também são feições estratigráficas muito relevantes, indicadoras de paleoclima. As profundidades de ocorrência de crostas variam de 400 m a 4000 m, porém as mais enriquecidas em cobalto encontram-se geralmente entre 800 m e 2200 m na zona de mínimo de oxigênio. Os processos de sedimentação e as correntes controlam a distribuição e a espessura das crostas. As crostas cobaltíferas apresentam densidade total média seca de 1.3g/cm3, porosidade da ordem 60% e área superficial de 300 m2/g . A taxa de crescimento é variável entre 1 e 10 mm/Ma. A superfície das crostas é geralmente botrióide, porém a ação erosiva das correntes dá origem a uma grande variedade de formas. Numa secção transversal pode-se ver que a crosta é formada por camadas que podem ser maciças, botrióides, laminadas, colunares ou apresentarem um aspecto rugoso mosqueado A mineralogia das crostas é relativamente simples se comparada à dos depósitos ferromanganesiferos hidrotermais e diagenéticos. As crostas que ocorrem no Pacífico são compostas por vernaditas ferruginosas e oxihidroxidos de Fe, com moderada contribuição de fluorapatitas carbonáticas nas crostas mais espessas e menores quantidades de quartzo e feldspato que na maioria das crostas.  Os elementos mais comumente associados à fase da vernadita incluem Mn, Co, Ni, Cd e Mo, enquanto aqueles mais comumente associados com o oxihidroxido de Fe são Fe e As.
As crostas contêm aproximadamente 2,3% de Co, 1% Ni e 3 ppm de Pt, com razões médias de Fe/Mn de 0,6 a 1,3.  A vernadita e a fluorapatita carbonática diminuem, onde existe um aumento de Fe, Cu e elementos detríticos que são transportados pelas águas de fundo. O Co, Ce, Tl, e é possível que também Ti, Pb e Pt sejam fortemente concentrados sobre outros metais devido às reações de oxidação. As camadas mais antigas, presentes nas crostas mais espessas, foram formadas durante os dois últimos eventos globais de fosforização ocorridos no Terciário, com a mobilização e redistribuição dos elementos. A utilização das taxas isotópicas do Be, Nd, Pb, Hf, Os e da série do U, na determinação de traços paleogeográficos e nas condições paleoclimáticas, são especialmente úteis na delimitação temporal das mudanças de condições da circulação de oceano profundo.
METALOGÊNESE DOS DEPÓSITOS MARINHOS FE-MN
A origem ou formação dos depósitos ferromanganesíferos de oceano profundo está fundamentalmente ligada a processos biogênicos, hidrogênicos e diagenéticos. O enriquecimento metálico resulta de uma combinação da disponibilidade e comportamento dos metais no ambiente marinho, das propriedades adsortivas e cristaloquímicas das fases autigênicas das concreções (e dos suspensatos), das razões de acumulação destas fases e do tempo disponível para incorporação dos elementos nos nódulos.
As fontes hidrotermais de vulcanismo submarino e a descarga fluvial de fontes terrestres no oceano disponibilizam Fe e Mn. O Fe+2, por ser mais sensível a variações de Eh e pH, é o primeiro a precipitar, enriquecendo-se em águas relativamente rasas e deixando o Mn+2 livre para oxidar-se e precipitar como Mn+4 em águas mais profundas nas áreas de formação dos depósitos de nódulos.
É necessário que haja um fluxo de Fe e Mn dissolvido ou quimicamente adsorvido num gradiente entre condições aproximadamente redutoras, em que o Mn+2 é estável em solução, e condições oxidantes, para a oxi-redução de Mn com precipitação de Mn+4:
2Mn+2 + O2 2H2O <==> 2MnO2 + 4H+.
A composição dos nódulos pode ser explicada por um modelo simplificado com três processos de precipitação: precipitação hidrogênica, diagênese óxica e diagênese subóxica. Na precipitação hidrogênica a acumulação de metais nos nódulos e nas crostas polimetálicos ocorre diretamente da água do mar. Os metais em solução ou adsorvidos em pequenas partículas, quando em contato com a superfície dos nódulos ou das rochas, são incorporados a estes sem participação dos sedimentos do fundo oceânico. Os topos dos nódulos e as crostas cobaltíferas são formados por camadas de partículas coloidais de óxidos e hidróxidos de Fe e Mn que se aglomeram na coluna d'água e precipitam por este processo. Nos processos diagenéticos é fundamental o papel da atividade biológica. Nas regiões que apresentam uma grande produtividade primária, os organismos planctônicos se encarregam de extrair minerais da água do mar, concentrando os metais adsorvidos e particulados e liberando-os, sob forma de pelotas fecais ou organismos mortos, ambos pesados o suficiente para vencer a barreira físico-química do topo da termoclina e descer por toda coluna d'água até o fundo oceânico.  Os organismos planctônicos afundam gradualmente e, neste processo, as partes moles vão sendo parcialmente degradadas. Porém, nem toda a parte mole dos organismos decompõe-se na coluna d'água. A porção não degradada é oxidada nos sedimentos e com a decomposição do material orgânico há redução local do potencial redox e mobilização do Mn, gerando um ambiente adequado à formação da todoroquita. Outros metais (Ni, Cu, Zn) são extraídos da água do mar por cátions orgânicos complexos durante a passagem dos restos orgânicos pela coluna d'água e conseqüentemente são incorporados à todoroquita nas porções soterradas dos nódulos Na diagênese óxica os metais são inicialmente depositados sobre o fundo oceânico na forma cátions adsorvidos, posteriormente o material das pelotas fecais é ingerido pelos organismos bentônicos que ao final do processo liberam os metais na forma de cátions divalentes, que serão incorporados aos nódulos pela oxidação/adsorção.  A diagênese subóxica é bastante similar ao processo que foi descrito anteriormente, sendo que neste caso é necessário que os nódulos sejam superficialmente cobertos pelos sedimentos, implicando na redução e remobilização do Mn. A importância das oscilações climáticas na variação da taxa de crescimento dos nódulos é incontestável, porém é muito provável que a participação dos organismos bentônicos na alteração do sedimento gerando microambientes atue superposta àquela causada pelas oscilações climáticas.
ASPECTOS DA MINERAÇÃO DOS DEPÓSITOS DE FE-MN DE OCEANO PROFUNDO
A explotação dos nódulos e crostas polimetálicos consiste em extrair estes recursos, cujas propriedades físicas são muito heterogêneas, de fundos oceânicos, a profundidades de até 4-5 km, nos caso dos nódulos. Em vista disso, na concepção de sistemas de mineração são especialmente consideradas as condições ambientais adversas de pressão, baixas temperaturas, alto grau de oxidação para a especificação dos materiais a serem empregados nos equipamentos, bem como as características extremamente variáveis dos depósitos em termos de irregularidade do relevo, natureza e propriedades mecânicas do solo e subsolo raso e compactação das crostas polimetálicas.  Para atender a viabilidade econômica da mineração de nódulos polimetálicos, estima-se a coleta de 240 toneladas métricas por ano (t/a), que corresponde a cerca de 10 kg/s ou 800 nódulos/s (ISA, 1999). Assumindo a existência de abundância suficiente de nódulos no sítio mineiro, o projeto de um sistema de mineração tem que ser dotado de velocidade do coletor compatível com tal taxa de recuperação.  Por cerca de 15 anos entre o final do 60's até meados dos 80's, vários consórcios e empresas, estatais e privadas, dedicaram-se ao desenvolvimento da mineração em oceano profundo e provaram sua viabilidade tecnológica e econômica (Feng et al., 1996).  Numerosas concepções de técnicas de mineração de nódulos têm sido propostas, existindo pelo menos cem patentes de sistemas de mineração de mar profundo registradas mundialmente (Welling, 1996). Os métodos incluem-se em 3 classes:  ·linha contínua de caçambas, espaçadas regularmente ao longo de um cabo de extensão adequada à profundidade e dimensões do navio ·hidráulicos que coletam os nódulos com veículo semelhante a uma colheitadeira rebocada ou com autopropulsão e então transportam o minério para um navio na superfície, por meio de elevação hidráulica simples ou a ar-comprimido sistemas híbridos com coletor mecânico e sistema de elevação hidráulico
Os resultados dos estudos de eficiência dos diversos sistemas, incluindo testes em escala de modelo reduzido mostram uma tendência de serem descartadas soluções simples, do tipo linha contínua de caçambas, e de considerar como mais apropriados para lavra de nódulos os sistemas constituídos por um coletor e elevação hidráulica.
As pesquisas para visando a lavra de nódulos atualmente voltam-se para o desenvolvimento de um coletor eficiente que reduza o tempo de trânsito, que seja menor, mais leve e com maior capacidade de manobra para evitar obstáculos e escolher e selecionar áreas de extração de nódulos. Outros objetivos importantes dessas pesquisas são a melhoria do posicionamento dinâmico, para controlar a lavra e o carregamento das plataformas e a automatização, tanto do coletor como do navio ou plataforma semi-submersível de apoio e controle. Somente com esta máxima otimização, a mineração em oceano profundo poderá ser competitiva com a mineração em terra.
A mineração de crostas cobaltíferas assemelha-se em alguns aspectos à mineração de nódulos, mas difere fundamentalmente pela dificuldade em separar a camada de minério do substrato rochoso estéril. Assim, a lavra requer um sistema com capacidade para o desmonte eficiente das camadas incrustadas, ou seja, capaz de recuperação máxima das crostas coletando o mínimo de rejeito de substrato rochoso.
O sistema proposto consiste de um veículo escavador do assoalho marinho e tubulação para transporte dos nódulos até o navio ou plataforma semi-submersível, na superfície. O veiculo, com autopropulsão, é provido de cortadores articulados para a fragmentação seletiva das crostas e dragas de sucção hidráulica para recolhimento dos fragmentos (Fig. 8).
Um aspecto determinante no desenho de sistemas de mineração em oceano profundo é compromisso entre a eficiência do sistema em termos de recuperação máxima de nódulos/crostas com impacto ambiental mínimo. Os efeitos danosos da intervenção em larga escala nas grandes profundidades marinhas é abordado por Soares-Gomes et al. (neste volume).
CONCLUSÕES
Como resultado das investigações e levantamentos realizados desde o final da década de 1960, dispõe-se atualmente de uma considerável base de conhecimento dos depósitos ferromanganesíferos de mar profundo mais importantes, localizados nos oceanos Pacífico e Índico. Paralelamente, o desenvolvimento de tecnologias de explotação e de metalurgia demonstrou a viabilidade técnica e econômica de empreendimentos mineração de mar profundo, cujo início tem sido previsto para os próximos 20-25 anos.
As características dessas províncias minerais, as condições de formação, crescimento e enriquecimento metálico fornecem elementos para avaliar o potencial de ocorrência de depósitos significativos em outras regiões oceânicas.
No Atlântico as condições oceanográficas são menos favoráveis à ocorrência de campos de nódulos comparáveis aos do Pacífico e Índico, principalmente pela influência da sedimentação de origem terrígena. Na província de depósitos ferromanganesíferos sul-americana (Horn et al., 1972), os esparsos dados disponíveis sugerem que predominam os depósitos de crostas ferromanganesíferas e de nódulos de formação hidrogênica, enriquecidos em Fe e Co. Entretanto há necessidade de se conhecer melhor o suprimento de metais formadores de minério, a oceanografia, os padrões de bioprodutividade superficial e deposição de sedimentos pelágicos para um diagnóstico adequado do potencial desses depósitos no Atlântico Sul e Equatorial.
A par de um eventual interesse direto na descoberta e exploração de um sítio nas proximidades do território brasileiro, com as implicações econômicas e geopolíticas inerentes, as atividades em andamento podem ser de interesse ao setor mineral brasileiro, tendo em vista o desenvolvimento tecnológico alcançado neste campo e as várias formas de cooperação internacional que vêm sendo praticadas. Além desses aspectos, é importante atentar para as possíveis repercussões que o início da explotação comercial de mar profundo, inevitavelmente de larga escala, pode causar no mercado internacional de metais e no meio-ambiente marinho.

AGRADECIMENTOS
À Sociedade Brasileira de Geofísica (SBGf), ao Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de Janeiro (DRM/RJ) e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), pelo apoio na realização do Seminário de Recursos Minerais Marinhos e a Anderson Lopes pela ajuda na edição do trabalho.
REFERÊNCIAS
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www.ifremer.fr/drogm/realisation/miner/nod
Received August 28, 2000
Accepted July 11, 2001
NOTE ABOUT THE AUTHORS
Jorge J. C. Palma
Received his B.Sc. in Geology in 1967 from the Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Brazil), M.Sc. in Geology in 1989 from the Universidade Federal do Rio de Janeiro (Brazil), and D.Sc. in Geophysics in 1998 from the Universidade de São Paulo. From 1967 to 2000, he worked for the Departamento Nacional da Produção Mineral and since 1984 he is a lecturer/researcher at the Laboratório de Geologia Marinha of the Universidade Federal Fluminense (Brazil). His main research interests are tectonic evolution and crustal structure of oceanic fracture zones and continental margins, mid-ocean ridges, marine geological mapping, and marine mineral resources, and geological and geophysical aspects of the U. N. Convention on the Law of the Sea. He participated in numerous cruises of Brazilian and other country ships as well as in several working groups for the Brazilian Government.
Ivo B. M. Pessanha
Received his B.Sc. in Oceanography in 1999 from the Universidade do Estado do Rio de Janeiro. He is currently working towards his M.Sc. in Marine Geology and Geophysics at the Departamento de Geologia-LAGEMAR of the Universidade Federal Fluminense (Brazil) on the structure eastern Brazilian continental margin (South Atlantic). His main research interests are tectonic evolution and crustal structure of continental margins, gravity modeling and marine geological mapping. Ivo Pessanha is a fellow of the Brazilian Agência Nacional do Petróleo (ANP).
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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Operação conjunta descobre minas ilegais em terras indígenas

Edição do dia 09/11/2010
- Atualizado em 10/11/2010 00h28

Operação conjunta descobre minas ilegais em terras indígenas

A operação do Ibama, Polícia Federal e Funai descobriu pelo menos 30 minas abertas pelos garimpeiros em 170 hectares de terra arrasada pela mineração ilegal. O garimpo funcionava ilegalmente há muitos anos dentro da terra indígena Kayapó.


A polícia destruiu a pista clandestina, de 440 metros, aberta no meio da mata. E também geradores de energia e dragas usadas para garimpar o rio.

O garimpo funcionava ilegalmente há muitos anos dentro da terra indígena Kayapó. Área de 3.284 hectares a 160 quilômetros de redenção, no sul do Pará. No local vivem quase três mil índios, em 14 aldeias.


A operação do Ibama, Polícia Federal e Funai descobriu pelo menos 30 minas abertas pelos garimpeiros em 170 hectares de terra arrasada pela mineração ilegal. No lugar das árvores, terra exposta e grandes lagoas de água contaminada. Próximo às minas, a polícia encontrou cerca de 100 cabanas. Na pequena vila improvisada, tratores, caminhões e um sistema de captação de água. Tudo foi destruído. Cerca de 400 pessoas - entre elas mulheres e crianças - foram retiradas com ajuda de um helicóptero militar e levadas para cidades da região. As casas do acampamento foram queimadas.


A polícia também recolheu água dos rios da região e levou para análise. Índios de 14 aldeias Kayapó - que ficam na reserva - têm reclamado do aumento de doenças relacionadas ao contato com mercúrio. Se a água estiver contaminada, os índios podem ter que deixar a reserva.


“Após os resultados dos exames a Funai deverá em conjunto com o Ibama ver as providências que a ente vai tomar com relação a essa destruição que foi feita na área e essa ameaça a saúde dos índios”, diz o diretor de proteção ambiental do Ibama, Luciano Evaristo.


A polícia estima que o garimpo pudesse faturar até R$ 3 milhões por mês. Noventa pessoas vão responder a processo por extração ilegal.


“Há uma série de financiadores que nós estamos investigando. E essas pessoas, eu já falei, não pode ser descartada a possibilidade de uma eventual prisão no futuro”, explica o delegado da Polícia Federal, Carlos Moriel.
A Amazônia brasileira possui muitos tesouros: um verdadeiro mar interior de água doce, jazidas de minérios, muitos deles estratégicos; biodiversidade com o maior banco genético do mundo; posição estratégica na linha do Equador e um povo mestiço indígena de inúmeras etnias. Por isso, ela é alvo de cobiça internacional há anos.




No início dos anos 90, o Senador Bob Kasten, do Estado de Wisconsin, EUA, disse: "ao contrário do que pensam os brasileiros, a Amazônia não é deles, ela pertence a todos nós". Nesta mesma época, ainda nos EUA, foram produzidos mapas da América do Sul mostrando a Amazônia como região internacional.



Nos últimos meses, a internacionalização da Amazônia voltou a ser destaque na imprensa nacional e internacional. "The New York", o mais importante jornal norte-americano, em 18 de maio, publicou o artigo: "De quem é a Amazônia?".



Claramente, foi colocado o aumento de lideres internacionais que declaram abertamente que a Amazônia não pertence apenas ao Brasil. O candidato à presidência dos EUA, Barack Obama, prega e com documento escrito, a classificação da Amazônia como "recurso global".



Com o aumento do aquecimento global, aumento da poluição, da necessidade de energia, da escassez de água potável e desmatamento da Amazônia, questionamentos da nossa soberania sobre aquela região deverão aumentar.



O ex-presidente da República, Itamar Franco, afirmou que, nos dias 29 e 30 de abril deste ano, a corte inglesa, representada pelo Príncipe Charles, reuniu, em Londres, parlamentares ingleses, representantes de bancos europeus, representantes de ONGs internacionais e vários índios brasileiros da Reserva Raposa da Serra do Sol para tratar da floresta brasileira. É interessante observar que representantes do governo brasileiro não foram convidados.



No final da reunião, as idéias convergiram para uma espécie de financeirização da Amazônia com alocação de verbas para projetos na região que interessem ao debate de sua internacionalização. a Príncipe Charles será o interlocutor global da floresta, com movimentos que, no fundo, podem significar o início do processo de internacionalização.



Em função disso, o ex-presidente Itamar Franco protestou, junto ao Presidente Lula dos riscos na participação do Brasil no Instituto Internacional de Preservação da Amazônia, sugerido pelo Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Isto seria a revitalização do plano chamado de "Hiléia Amazônica", adotado por potências estrangeiras que, de forma malandra, queriam transformar a rica e portentosa área em patrimônio da humanidade. E o pior que, naquela época, em 1948, a idéia foi sugerida pelo embaixador do Brasil na UNESCO. Só não foi para frente porque o ex-presidente da República Arthur Bernardes fez protestos eloqüentes na Câmara Federal.



Mas, existe realmente risco de internacionalização? Esta é a pergunta que paira sobre os brasileiros. Ou isto é coisa de mineiro desconfiado?



As luzes de alerta já se acenderam e parece que o processo está em andamento, quando existe uma pressão internacional para a demarcação de extensas terras contínuas da Reserva Raposa da Serra do Sol, junto às fronteiras, no Estado de Roraima. Orientados e financiados por ONGs internacionais, líderes indígenas já falam: "Nós fazemos a vigilância de nossas fronteiras, não precisamos de pelotão do Exército"; "Se insistirem na construção da hidroelétrica, vai ser guerra internacional". E, ainda mais,fecham estradas com correntes, forçam a saída de não índios da área, viajam pelo mundo a fora em busca de apoio para a demarcação contínua.



Voltemo-nos à História para análise da situação:



- Há 160 anos, o México perdeu a Califórnia, uma rica região em ouro, para o EUA. Com o apoio dos norte-americanos, os próprios mexicanos, depois de luta sangrenta, proclamaram a independência da República da Califórnia, posteriormente anexada aos EUA.



- A Província do Panamá pertencia à Colômbia, que não aceitava as pressões internacionais, comandadas pelos EUA, para construção do canal que ligaria os oceanos Atlântico e Pacifico. A questão foi colocada como de interesse internacional e que não podia ser decidida apenas pela Colômbia. Algum tempo depois, treinados, estimulados e financiados pelos EUA, grupos da própria província se rebelaram contra a Colômbia e criaram a República do Panamá. Assim, os EUA conseguiram o canal e muitas outras concessões.



Dá para perceber as coincidências?



É hora de agir e rápido:



- Colocar a ABIN para identificar e conhecer as reais intenções das ONGs internacionais que patrocinam as viagens dos nossos índios, que treinam índios escolhidos para liderança, movimentos sociais, inflamação popular e espírito separatista. ONGs que praticam a biopirataria, espionagem, campanhas de internacionalização, prospecção do solo e contrabando de minerais.



- Ocupar os espaços das ONGs, com presença maciça na educação, formação profissional e implantação de Centros de Estudos.



- Reduzir o desmatamento e criar alternativas de renda para a população da região.



- Instalar unidades militares permanentes em terras indígenas, localizadas nas áreas de fronteiras. Enfim, estabelecer a presença do Estado na região, combatendo os grileiros, incendiários, madeireiros ilegais, latifundiários e pistoleiros. O combate a eles é também defesa nacional. Com a palavra os Ministros do STF - Supremo Tribunal Federal que decidirão sobre a demarcação da Reserva Raposa Serra do Sol, e a responsabilidade fica com os governantes brasileiros

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Estudiar Geología: Ciencia - Profesión - Aventura

GEO RIO GEORIO - O Instituto de Geotécnica do Município do Rio de Janeiro,

GEORIO   O Instituto de Geotécnica do Município do Rio de Janeiro, hoje Fundação GEO-RIO, órgão da Secretaria Municipal de Obras da Prefeitura, foi criado em 12 de maio de 1966, pelo Decreto nº 609, assinado pelo então Governador do Estado da Guanabara, embaixador Francisco Negrão de Lima. O Instituto nasceu a partir de uma forte demanda popular que sofrera com as chuvas excepcionais que castigaram a Cidade no mês de janeiro daquele ano. Naquele verão, os acidentes geotécnicos nas encostas cariocas foram contabilizados às centenas, com um saldo de 70 mortos e mais de 500 feridos, deixando, por alguns dias, a Cidade Maravilhosa em situação calamidade pública, fato que gerou forte repercussão nacional e internacional.  Dentre as várias atribuições legais que o novo órgão teria, destacava-se a elaboração de planos emergenciais e de longo prazo para a proteção das encostas: todas as situações de risco deveriam ser cadastradas e as providências executadas para a suas eliminações. Para tanto, reuniu-se um quadro técnico de especialistas, principalmente engenheiros civis e geólogos, que se dedicaram à Cidade, diuturnamente, naqueles primeiros meses após a catástrofe. O pioneirismo mundial deste órgão público, aliado ao conhecimento e ao empreendedorismo de seu quadro técnico, levou, em pouco tempo, ao seu reconhecimento como órgão geotécnico de excelência a nível mundial.  Naqueles primeiros anos de vida do Instituto de Geotécnica, a Cidade passou a admirar e a se acostumar com as obras públicas de contenção – verdadeiras esculturas em concreto e aço - que se multiplicavam nos pontos mais inacessíveis das encostas. Além das obras, o recém criado órgão ficou responsável pelos levantamentos e cadastramentos das características geológico-geotécnicas dos solos, das rochas e das jazidas de materiais de construção do Estado da Guanabara e pelo maior rigor a ser aplicado nas análises para aprovação, licenciamento e fiscalização dos projetos contenção de encostas e de exploração de jazidas da iniciativa privada. Tornava-se realidade, pela primeira vez na história da Cidade do Rio de Janeiro, a implantação de uma política racional de ocupação das encostas a qual, capitaneada pelo Instituto de Geotécnica, estabelecia os critérios técnicos na definição das áreas sujeitas a risco de deslizamento.  A inquestionável necessidade desta nova política de ocupação foi ratificada cerca de nove meses após a criação do Instituto de Geotécnica. Em fevereiro de 1967, quando a Cidade já começava a notar os primeiros frutos do novíssimo órgão, ou seja, a execução de 39 obras de contenção, com o desenvolvimento de metodologias pioneiras para a execução das mesmas em locais de difícil acesso e grande altitude, novas chuvas torrenciais caíram sobre a Cidade. Naquela tragédia de 1967, cerca de 100 pessoas perderam a vida em decorrência de acidentes geológicos nas encostas, casas e ruas foram destruídas e nova situação de calamidade se instalou em diversos bairros. Não obstante as novas dificuldades imputadas por aquele trágico evento chuvoso do mês de fevereiro, ao final do ano de 1967, o Instituto de Geotécnica já havia concluído mais 50 obras de contenção, aumentado significativamente o nível de segurança das encostas cariocas. Durante o período entre a criação do Instituto de Geotécnica (em 1966) e a criação da Fundação GEO-RIO (em 1992), o órgão responsável pelas encostas da Cidade do Rio de Janeiro passou por várias modificações em seu status administrativo. Em 1973, O Instituto de Geotécnica passou a se chamar Superintendência de Geotécnica e em 1975, com a fusão dos Estados do Rio de Janeiro e da Guanabara, passou a ser a Diretoria de Geotécnica, órgão subordinado à Secretaria Municipal de Obras. Em 1979, uma nova reformatação do órgão lhe rebatizou como Superintendência de Geotécnia e em 1986, voltou ao status de Diretoria de Geotécnica. Não obstante tais modificações, muito do seu quadro técnico permaneceu no órgão, o que lhe imputou um extraordinário conhecimento da problemática das encostas e uma grande agilidade na definição e execução das obras de contenção. Em fevereiro de 1988, particularmente entre os dias 18 e 21 daquele mês, um novo evento de chuvas torrenciais ocorreu na Cidade. Somente naquele curto período, precipitações pluviométricas de até 449 mm em 4 dias e de 177mm em 24h foram registradas em diferentes pontos do Município, em especial nos bairros que abrangem e circunvizinham o Maciço Montanhoso da Tijuca. Como conseqüências, centenas de acidentes geológicos ocorreram nas encostas cariocas e 58 vítimas fatais foram contabilizadas. Dentre os acidentes mais graves com vítimas fatais, destacaram-se as ocorrências no Morro da Formiga no bairro da Tijuca, no Morro Santa Marta, em Botafogo e em Santa Tereza, onde um deslizamento catastrófico atingiu a Clínica Santa Genoveva. Uma vez mais a “Geotécnica”, nome popular do órgão naquela época, foi convocada a atuar diuturnamente para atender os mais de 1200 pedidos de vistorias de encostas solicitados pela população. A partir daquele evento, o Instituto de Geotécnica iniciou um período de grande desenvolvimento, com a execução de um número elevado de obras e a ampliação de seu quadro de funcionários técnicos. Junto ao “sangue novo” vieram as novas tecnologias. O órgão, concomitantemente à execução de dezenas de obras de estabilização e drenagem, iniciou seu processo de informatização, elaborou o primeiro mapa de risco do Município e implantou programas pilotos de monitoramento automático, geotécnico e pluviométrico, nas encostas. O ano de 1996 também correspondeu a um importante marco na história do órgão. Durante mais um período de intensas chuvas, registradas nos dias 13 e 14 de fevereiro, um grande número de acidentes aconteceu, em particular nas zonas sul e oeste da Cidade. Precipitações superiores a 190mm em 7 horas foram registradas nos bairros do Alto da Boa Vista e do Jardim Botânico. Corridas de massa - que constituem o tipo de escorregamento com maior potencial destrutivo – ocorreram em vários trechos dos maciços montanhosos da Tijuca e da Pedra Branca, destruindo centenas de moradias e ceifando a vida de 52 pessoas. Como conseqüência direta da catástrofe, um novo afluxo de técnicos e de investimentos se verificou na já, então, Fundação Instituto de Geotécnica do Município do Rio de Janeiro, ou, simplesmente, GEO-RIO como passou a ser conhecida. Nos anos que se seguiram a 1996, a GEO-RIO, além de suas atribuições cotidianas, experimentou uma nova fase de desenvolvimento: novas técnicas de contenção, utilizando materiais alternativos como pneus e fibras vegetais, foram testadas e aplicadas; metodologias para mapeamentos geológico-geotécnicos e de risco em escalas de detalhe foram desenvolvidas e executadas em dezenas de encostas ocupadas; delimitações físicas de áreas de risco foram implementadas e a Cidade passou a contar com um pioneiro sistema de alerta de chuvas intensas e de deslizamentos em encostas, o Sistema Alerta Rio, hoje referência nacional e internacional em termos de sistema de alerta.  Com mais de quatro décadas de atuação direta nos problemas geológicos e geotécnicos da Cidade do Rio de Janeiro e, em particular, nas suas áreas montanhosas, a Fundação GEO-RIO vem zelosamente cumprindo suas atribuições específicas e traz em seu currículo mais de 3000 obras de contenção, projetadas e executadas no Território Municipal. Ciente da importância do órgão para a melhoria da qualidade de vida da população e no planejamento da ocupação urbana do Município do Rio de Janeiro, seu quadro de funcionários se esforça para manter o elevado grau de qualidade dos serviços prestados pela GEO-RIO, que já alcançou a condição de “patrimônio técnico” dos brasileiros.
Fundação Instituto de Geotécnica
Cpo. de S. Cristóvão, 268, 1º e 3º andares
Tel.: 3878-7878 / Fax: 3878-7850


e-mail: georio@pcrj.rj.gov.br




Urbanização


Obras Viárias


Pontes, viadutos, passarelas e túneis


Esgotamento Sanitário


Canalização e Limpeza de Rios


Contenção de Encostas


Hospitais e Unidades de Saúde


Convênio PCRJ e Ministério das Cidades


As ações da Fundação GEO-RIO de mitigação de risco associadas a escorregamentos de maciços terrosos/rochosos, iniciada em 2005 com o projeto de “Cartografia de Risco Quantitativo a Escorregamentos em Setores de Assentamentos Precários na Cidade do Rio de Janeiro”, resultaram na identificação de 32 setores susceptíveis a ocorrência de movimentos de massa de solo/rocha.
Dando continuidade a estas ações, o Ministério das Cidades e Prefeitura do Rio de Janeiro, através da Fundação GEO-RIO, firmaram parceria para o desenvolvimento de projetos básicos que visam à eliminação de riscos em alguns dos setores identificados. Esta parceria resultou no contrato “ELABORAÇÃO DE PROJETOS BÁSICOS DE ENGENHARIA EM 10 SETORES DE RISCOS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO”, contrato 001/2007. De acordo com este contrato, foram selecionados 10 setores de risco, dos 32 levantados, para o desenvolvimento dos projetos básicos. Os projetos correspondentes aos Setores de Risco foram desenvolvidos ao longo do ano de 2007/08 e estão apresentados em forma de relatórios e plantas executivas.  Nos relatórios podem ser encontradas informações sobre a caracterização geológico-geotécnico dos setores, a tipologia e a localização das intervenções a serem executadas. Mostram ainda as memórias de cálculo que embasaram as soluções adotadas, bem como as plantas, em formato A1, do desenvolvimento do projeto e os correspondentes orçamentos de cada Setor estudado.
O valor total estimado para a implantação das obras de mitigação de risco geotécnico dos Setores contemplados foi da ordem de R$ 22.500.000,00 (vinte e dois milhões e quinhentos mil reais).

Pesquisa investiga efeitos da poluição do ar no Túnel Rebouças e na Av. Brasil

A poluição do ar provocada por automóveis é um grande desafio ambiental para os habitantes das metrópoles. No Rio, o intenso fluxo de veículos é o principal responsável pela emissão de gases tóxicos na atmosfera da cidade. De acordo com o Relatório Anual de Qualidade do Ar do Estado do Rio de Janeiro, do Instituto Nacional do Meio Ambiente (Inea), de 2009, as fontes móveis – como carros, caminhões e ônibus – emitem 77% do total de poluentes lançados na atmosfera na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, enquanto as fontes fixas – entre elas, as fábricas – representam apenas 23%. Para fazer um diagnóstico da qualidade do ar em pontos-chave do tráfego carioca, uma pesquisa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) com apoio da FAPERJ, por meio do edital Estudo de Soluções para o Meio Ambiente, está monitorando dois importantes locais de passagem de veículos no Rio: o Túnel Rebouças e a Avenida Brasil. Além de avaliar as condições atmosféricas nesses pontos movimentados da cidade, o estudo tem como objetivo verificar os possíveis impactos da poluição do ar na saúde das pessoas que circulam por ali diariamente. Para isso, pesquisadores do Laboratório de Mutagênese Ambiental (Labmut), do Departamento de Biofísica e Biometria do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes, da Uerj, investigam a concentração de agentes mutagênicos – aqueles capazes de modificar as sequências de DNA, causando mutações que podem levar ao desenvolvimento do câncer – presentes no ar do Túnel Rebouças e da Avenida Brasil. “Em ambientes onde as concentrações dos poluentes são elevadas, e dependendo de sua toxicidade, podem ocorrer efeitos genotóxicos com chances de comprometer a saúde dos ecossistemas”, explica o professor e biólogo Israel Felzenszwalb.

Monitoramento da qualidade do ar
O estudo, submetido à FAPERJ em dezembro de 2008 e ainda em curso, já apresenta alguns resultados parciais. Os pesquisadores estão monitorando as condições do ar na Avenida Brasil, desde abril de 2010, e no Túnel Rebouças, desde junho deste ano. A qualidade do ar nessas vias é avaliada com o Amostrador de Grande Volume, um equipamento que determina a concentração de partículas totais em suspensão na atmosfera. Esse material particulado fica aderido a um filtro inserido no coletor do equipamento, periodicamente analisado. “Tanto na Avenida Brasil quanto no Túnel Rebouças verificamos a presença predominante de nitrocompostos, entre eles de substâncias conhecidas como hidrocarbonetos policíclico-aromáticos. Esses poluentes são capazes de provocar mutações mesmo sem sofrer qualquer tipo de metabolização”, destaca. O equipamento responsável pela coleta do ar dentro do Rebouças está localizado no vão entre as duas galerias do túnel, próximo à Lagoa. Ele funciona por seis horas durante quatro dias na semana, totalizando 24 horas de coleta semanal. “Toda semana, durante uma madrugada, quando o túnel fecha para manutenção, recolhemos o filtro para análise e recolocamos um novo”, explica. Na Avenida Brasil, outro equipamento idêntico foi instalado no pátio do Ciep Leonel de Moura Brizola, na altura de Ramos, junto à passarela número 13. Ele coleta o material particulado do ar 24 horas por dia.  “Como se trata de um ambiente fechado, em seis horas, o filtro do coletor já fica saturado no Rebouças, enquanto na Avenida Brasil é preciso 24 horas para saturá-lo”, explica Felzenszwalb. Por isso, o volume de material particulado coletado no filtro do equipamento instalado no túnel se torna menor quando comparado ao da Avenida Brasil. “O volume coletado no Rebouças é quatro vezes menor em comparação ao volume coletado na Brasil”, diz o professor, lembrando que os equipamentos também avaliam medidas de variação de temperatura, umidade e pressão.

Testes laboratoriais


Filtro antes (à esquerda) e depois da coleta (à direita)


Depois que o material particulado do ar é coletado pelos equipamentos instalados em ambos os locais, os pesquisadores do Labmut/Uerj realizam dois procedimentos laboratoriais para tentar identificar o potencial mutagênico dos poluentes encontrados em suspensão no ar. Um deles é o Teste de Ames, um ensaio biológico reconhecido internacionalmente, que fornece informações sobre a capacidade de agentes físicos e químicos induzirem ao desenvolvimento de mutações no material genético das células.  “O filtro recolhido do Amostrador de Grande Volume é ‘lavado’ e o material obtido é submetido ao ensaio bacteriano de Ames. Quando o valor do índice de mutagenicidade é superior a dois, dizemos que o material em análise tem potencial mutagênico”, detalha o professor, que observou nos dois locais um índice de mutagenicidade considerável. “As amostras coletadas na Avenida Brasil apresentaram um índice de mutagenicidade 3 e 4. Nas amostras do Tínel Rebouças, o índice de mutagenicidade variou entre 9 e 23, e o efeito mutagênico foi visualizado logo na primeira concentração.” O outro procedimento técnico a ser adotado no estudo é o teste de micronúcleo, utilizando a planta Tradescantia pallida var. purpúrea. Conhecida popularmente como coração-roxo, essa espécie ornamental, comum no Rio, funciona como um termômetro natural da presença de substâncias mutagênicas no ar, sendo por isso considerada um ótimo bioindicador. Sensível, ela apresenta mutações quando em contato com poluentes, servindo como um sensor na avaliação da qualidade do ar. “O teste de micronúcleo com a Tradescantia é considerado um excelente bioindicador pela simplicidade da metodologia e pela sensibilidade da planta aos agentes genotóxicos”, diz Felzenszwalb.  Em contato com os poluentes, as células da Tradescantia costumam apresentar alta frequência de micronúcleos, o que indica a ocorrência de mutação genética. Essa etapa de testes, no entanto, ainda será realizada. Por enquanto, os pesquisadores colocaram mudas da Tradescantia em pontos estratégicos do Túnel Rebouças e da Avenida Brasil. “As plantas colocadas no Rebouças não sobreviveram. Mesmo sendo uma planta resistente, parece que a poluição no local está bem acima de sua capacidade de sobrevivência”, pondera.

Para dar continuidade a essa etapa, a equipe do Labmut planeja outra estratégia. “Estamos avaliando a possibilidade de usar o material obtido do filtro coletor para uma avaliação direta em mudas saudáveis, em laboratório, e assim podermos continuar o estudo”, explica. “Usaremos a solução produzida pela lavagem dos filtros colocados no Rebouças para pulverizar as plantas, e faremos uma posterior avaliação de micronúcleos”, completa. Na Avenida Brasil, o experimento com as plantas foi iniciado há menos de um mês, no mesmo local da instalação do Amostrador de Grande Volume, e os pesquisadores ainda não processaram os resultados. O projeto também tem o objetivo de promover a educação ambiental. Estudantes do Ciep Leonel de Moura Brizola, na Avenida Brasil, tiveram três encontros com os pesquisadores para discutir a problemática da poluição do ar atmosférico. “Tentamos conscientizar os jovens sobre a necessidade de preservação do meio ambiente”, conta. “Esperamos que a atividade de educação ambiental venha a contribuir para a conscientização cidadã da comunidade e que ela tenha um efeito multiplicador”, conclui.  Além do professor Israel Felzenszwalb, participam do projeto os pesquisadores Claudia Aiub e José Luis da Costa Mazzei, ambos do Labmut/Uerj; o professor Sérgio Machado, da Faculdade de Tecnologia da Uerj; a mestranda Claudia Rainho, do programa de Pós-Graduação em Biociências do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes, da Uerj; e o aluno de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Antonio de Salles Guerra.


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