sábado, 8 de dezembro de 2007

O BRASIL VISTO DO ESPAÇO - EMBRAPA LANDSAT

http://www.cdbrasil.cnpm.embrapa.br/

A possibilidade de conhecer o Brasil através de sua imagem real e não de mapas (sujeitos a interpretações e erros) seria impensável há alguns anos, quando o preço e o tamanho das imagens de satélite tornavam seu uso restrito. Hoje os processos de tratamento das imagens estão mais automatizados, mais rápidos, baratos e compatíveis com computadores pessoais.
Pela primeira vez já é possível observar claramente a real situação de 100% do território nacional, ou seja, 8.547.403,5 km2. Mosaicos inéditos, para todos os Estados brasileiros, foram gerados, a partir de imagens recentes dos satélites Landsat 5 e 7, pela Embrapa Monitoramento por Satélite e permitem ver, com detalhes, como está a situação de cada um desses Estados.
Além das dificuldades de aquisição, georreferenciamento e mosaicagem das imagens de satélite, o projeto Brasil Visto do Espaço exigiu um grande esforço da equipe da Embrapa, na criação de uma interface de navegação "amigável", capaz de rodar em qualquer tipo de computador, com os mesmos programas de navegação utilizados para Internet. O projeto pretende fazer com que as imagens de satélite se tornem ferramentas cada vez mais públicas e democráticas e antecipa a aposentadoria do velho globo terrestre desenhado. Alguns estados deram muito trabalho devido à cobertura constante de nuvens como no litoral do Nordeste ou na serra onde está o Pico da Neblina, no Amazonas. O Amapá, por exemplo, exigiu o dobro do empenho, na colagem eletrônica de pedacinhos de imagem sem nuvem, um verdadeiro quebra-cabeças de datas diferentes, sempre buscando a maior atualização possível.

Uma vez resolvido o quebra-cabeças, entretanto, o mosaico se tornou uma ferramenta de fácil leitura. Através de aproximações sucessivas, qualquer um pode procurar sua fazenda, sua cidade ou saber que tipo de forças econômicas modificam sua vizinhança.

Ao oferecer este tipo de produto operacional de com uma aplicação de amplo espectro, a Embrapa Monitoramento por Satélite pretende seguir democratizando a informação científica e sua aplicabilidade pelas comunidades locais, sociedade organizada, ongs, institutos de ensino, pesquisa etc. Entendemos que este é o melhor caminho para aumentar a sustentabilidade da agricultura brasileira e a preservação ambiental.

Informações Técnicas
Antecedentes e Justificativas
Objetivos e Finalidades
Material
Articulação das Imagens Landsat
Articulação das Folhas Cartográficas
Imagens Utilizadas: Órbita/Ponto e Data
Métodos
Método de Elaboração dos Mosaicos
Descrição Geral dos Mosaicos
Parâmetros Técnicos dos Mosaicos Elaborados
Um Exemplo de Execução: O Estado do Amazonas
Métodos empregados na Confecção dos Mosaicos Estaduais
Método para Navegação nos Mosaicos Recortes geográficos dos mosaicos
Como navegar nas imagens
Abrangência geográfica do recorte
Navegação por município
Georreferenciamento
Bibliografia

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Como interpretar os Mosaicos de Imagens do Satélite Landsat
As imagens Landsat-TM e ETM, na composição das bandas 5, 4 e 3 respectivamente, apresentam uma semelhança bastante grande com as cores verdadeiras da paisagem ou com os resultados de uma fotografia colorida. Entretanto, para alguém não especializado no uso de imagens de satélite, pode ser difícil a identificação de determinados alvos ou áreas de interesse. Para ajudar na interpretação e no uso dos mosaicos de imagens realizados pela Embrapa apresentam-se, a seguir, alguns padrões básicos e didáticos de cores, texturas e formas.
As florestas tropicais densas aparecem com diferentes tonalidades de verde (desde o verde escuro até tons mais amarelados), apresentando padrões texturais lisos ou rugosos, dependendo da uniformidade do dossel. É o padrão que domina nos mosaicos do Amazonas, Pará e no norte do Mato Grosso, bem como em remanescentes florestais na região do Bico do Papagaio no Tocantins, no noroeste do Maranhão, na Região Sul da Bahia e na Serra do Mar em São Paulo.
Os reflorestamentos apresentam padrões de cor mais escuros e textura mais lisa do que as áreas de florestas naturais, devido à sua composição florística e seu dossel extremamente uniforme e contínuo, como nos casos existentes no
Amapá, Maranhão, Tocantins e Espírito Santo.
Tipos de florestas: diferentes tonalidades de verde também podem indicar mudanças na composição florística e estrutural em áreas inalteradas (
florestas densas, florestas inundáveis e tabocais), como pode ser observado na região oeste do Estado do Acre (florestas com bambús, próximas à Boca do Acre) e norte do Amazonas (florestas com palmeiras, matas de cipó etc.), na região da Cabeça do Cachorro, norte do Pará e em quase todo o Estado do Maranhão (transições entre florestas densas e caducifólias, transições para cerradão e caatinga).
Remanescentes florestais podem aparecer como "ilhas verdes" (parques, áreas indígenas) em áreas parcialmente ou bastante degradadas como na
região bragantina no Pará, na região central do Estado do Tocantins, ao longo da Transamazônica, no oeste do Maranhão, no Parque Nacional do Araripe, na Serra Negra em Pernambuco, ou no Parque Estadual do Morro do Diabo em São Paulo, por exemplo.
No caso das florestas e formações inundáveis, as tonalidades podem ser bastante escuras, em função da presença de grande quantidade de água. Na
região do Pantanal, no sul do Mato Grosso e norte do Mato Grosso do Sul, por exemplo, tem um padrão bem típico desses casos, mas diferenciado dos campos inundáveis de Roraima. O mesmo observa-se nos campos abertos de várzea ao longo do rio Demene no Estado do Amazonas e na ilha do Marajó, marcados por diferentes tonalidades de vermelho e marrom.
Áreas desmatadas, solos preparados para o plantio e culturas em estágio precoce de desenvolvimento apresentam diferentes tonalidades de rosa e vermelho e formas geométricas muito regulares, como, por exemplo, ao longo das rodovias
BR-364 em Rondônia, Cuiabá-Santarém ou ainda na Chapada dos Parecis no Mato Grosso, no vale do Tocantins, no norte de Minas Gerais, no oeste da Bahia, norte do Paraná e no sudoeste de Goiás.
Solo nu: na ausência de verde (de vegetação), a natureza do substrato também contribui na cor, como na região leste do Tocantins a área do
Jalapão. Ali, as areias quartzosas e arenitos marcam a imagem com tonalidades cinzas e brancas. Padrões idênticos ocorrem em ilhas fluviais, paleodunas e paleodeltas interiores, como na região do rio Demene no Amazonas. O mesmo ocorre em áreas de mineração, como Carajás, no Pará. No Rio Grande do Norte as áreas de solo nu, em substrato cristalino, aparecem em diferentes tonalidades de rosa.
Cerrados, campo cerrado e cerradão: essa unidade apresenta um padrão textural com menos rugosidade do que as áreas florestais, como no
Parque Nacional de Brasília. Boa parte do ano apresenta-se, marcadamente, com uma tonalidade rósea a avermelhada. Emerge nitidamente no norte do Pará na região de Tiriós, no sul do Amazonas na região de Humaitá, no oeste do Estado de Mato Grosso, na região central do Maranhão e principalmente em grande parte dos Estados do Tocantins e Piauí. Tende a se confundir com pastagens. A intensificação do uso pecuário dos cerrados, dificulta separar o que na origem era um cerrado e hoje apresenta-se como campo cerrado etc. Em geral, são áreas amplamente ocupadas com atividades agro-silvo-pastoris, como nas áreas de campos e lavrados de Roraima.
Culturas intensificadas, áreas irrigadas e pastagens de alta produtividade aparecem com uma tonalidade verde claro, bem luminoso, indicador de uma grande atividade fotossintética. Nesses casos, a forma e a regularidade dos polígonos é um bom indicativo do tipo de cobertura, como no caso do
projeto de irrigação do Rio Formoso no Tocantins ou os círculos delimitados pelos pivôs de irrigação no Estado do Tocantins, Estado do Mato Grosso, Estado do Maranhão, Estado da Bahia, Estado de Pernambuco, Estado de São Paulo e Estado de Minas Gerais, por exemplo.
Grandes culturas mecanizadas e áreas desmatadas apresentam padrões lineares e formas geométricas bem definidas, contrastantes com seu entorno, como no caso dos plantios de soja e algodão na Chapada dos Parecis ou da colonização agrícola em Alta Floresta no norte do Mato Grosso e ainda nas grandes áreas de pecuária no sudeste do Pará e leste do Mato Grosso. O mesmo ocorre com a soja, na região de Balsas no Maranhão.
Afloramentos rochosos (
arenitos na Serra do Aracá) e pães de açúcar do norte do Amazonas, por exemplo e áreas de cobertura vegetal com marcada influência da sazonalidade (cerrados e região semi-árida), também apresentam padrões avermelhados nas estações secas, como nos limites do Maranhão com o Piauí, Sertão do Ceará e da Paraíba. A forma é um bom parâmetro para decisão entre estas classes e as do item anterior, além dos critérios de contexto.
Mangues e ecossistemas costeiros: uma tonalidade verde escuro, bastante acentuada, marca a vegetação dos manguezais, facilmente identificáveis na
zona costeira do Pará, Amapá e Bahia. Outros ecossistemas apresentam padrões análogos aos do solo nu (tonalidades róseas e brancas): restingas e áreas de avanço e recuo das marés (como no golfão maranhense e na ilha de Marajó) ou dunas de areia (Lençóis Maranhenses, Delta do Parnaíba, Piauí, Ceará, Alagoas e Santa Catarina).
Cidades e aglomerações urbanas também aparecem em rosa e avermelhadas. Em geral é possível identificar (dependendo da escala) a rugosidade ou a regularidade dos quarteirôess e ruas, com um alinhamento ortogonal etc., como no caso das capitais:
Aracajú, Belém, Brasília, Porto Alegre, São Paulo etc.
Rios, lagos, represas e açudes (
Tucuruí, Balbina, Samuel, Barra Bonita) variam em tonalidades que vão do preto e azul escuro (águas claras onde a luz do sol penetra e não é quase refletida), como no Tapajós, no Rio Negro, e na Lagoa de Araruama, até o azul e azul claro, em função do aumento de material em suspensão (argilas ou poluição) como no Rio Solimões ou a Lagoa dos Patos no Rio Grande do Sul. Devido à carga elétrica diferenciada essas águas demoram para misturarem-se e produzem o fenômeno do encontro das águas, como na formação do Rio Amazonas, à juzante de Manaus. Os açudes aparecem geralmente como pequenos pontos pretos nas imagens, como no caso do sudoeste do Rio Grande do Norte e no Rio Grande do Sul.
Áreas queimadas aparecem em preto ou em tonalidades muito escuras. Estão geralmente associadas aos cerrados no
Tocantins, Maranhão, Piauí, Bahia e região do Tiriós no Pará ou a campos abertos de várzeas ou vegetações análogas como na Ilha do Bananal. Quando a queimada é praticada por atividade agrícola sua forma tende a apresentar um padrão mais regular. Em casos de queimadas descontroladas e em pastagens extensivas, as manchas apresentam uma forma bastante variável e irregular (queimadas em áreas de cerrado são facilmente identificáveis) como nas enormes superfícies queimadas anualmente nas áreas indígenas dos Tiriós (norte do Pará), da Ilha do Bananal no Tocantins e da Chapada dos Parecis no Mato Grosso, por exemplo.
Nuvens aparecem em branco, como pequenos flocos de algodão. Geralmente, há uma mancha preta ao lado, correspondendo à sombra da nuvem, na superfície terrestre (Pernambuco e Bahia). Nos mosaicos buscou-se ao máximo a eliminação das nuvens, através da seleção e composição das imagens. Quando são mais azuladas, tratam-se de plumas de fumaça de queimadas, em geral, próximas á frentes de fogo ativas.
Estradas são identificadas, geralmente, por desmatamentos que ocorrem em seu entorno, gerando uma superfície alterada de maiores dimensões (rosa ou avermelhada) e evidenciando seu traçado como na
rodovia Cuiabá-Santarém, na rodovia Transamazônica, na rodovia BR-364 etc.
Salinas: Dependendo do volume de água e da concentração de sais, aparecem em tons azulados contrastando fortemente com o seu entorno, como no caso do Rio Grande do Norte.

A Internet, um recurso didáctico – Ensaio de aplicação das TIC no ensino das Ciências Naturais –

A Internet, um recurso didáctico – Ensaio de aplicação das TIC no ensino das Ciências Naturais – 3º ciclo do ensino básico
Mário José Louro
Tese de Mestrado em Geologia para o Ensino, Universidade do Porto, 2003.
Resumo:

Nas últimas duas décadas do século XX, a explosão das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) transformou completamente o modo de vida dos cidadãos. Surgiu uma nova estruturação social – a Sociedade da Informação – que tem como elemento fulcral o controlo e automação da informação e domínio das tecnologias.
Neste novo e vertiginoso mundo, a escola tem de evoluir, sob pena de ser esmagada pela velocidade da avalanche de mudanças em curso e condenada à extinção.
A percepção, por parte dos órgãos de soberania, do desafio que a escola do século XXI enfrenta, levou à adopção de medidas no sentido de dotar a escola das condições e capacidades técnicas para enfrentar o futuro. Pretende-se que a escola contribua activa e decisivamente para que, num futuro próximo, todos os cidadãos europeus dominem culturalmente as TIC no desempenho de um papel activo na Sociedade da Informação e do Conhecimento. Por isso, desde 1985, foram elaborados e postos em prática diversos projectos, programas e planos de acção: MINERVA, NÓNIO SÉC. XXI, INTERNET NA ESCOLA, PRODEP III, eEUROPE e eLEARNING.
No entanto, apetrechar as escolas com meios informáticos não é suficiente. É necessário formar e sensibilizar a classe docente para a urgência da integração das TIC nas actividades lectivas, pois os professores constituem pedra basilar no processo de transformação, ou não, da escola, podendo ser catalizadores ou entraves à mudança.
O combate à info-exclusão só poderá ser ganho se a escola, efectivamente, colmatar a falta de equipamento pessoal dos alunos, disponibilizando-lhes o uso das TIC, contribuindo para que adquiram competências nesta área, indispensáveis ao eficaz exercício da cidadania. Caso contrário, a escola pouco contribuirá para diminuir o fosso entre os mais e os menos favorecidos.
O presente trabalho, para além de apresentar um exemplo de utilização da Internet na sala de aula, no ensino das ciências naturais no 7º ano, desenvolvido com alunos da EB 2,3 do Professor Carlos Teixeira nos anos lectivos de 2001/02 e 2002/03, pretende:
Avaliar a qualidade e quantidade dos equipamentos informáticos disponíveis nas escolas do terceiro ciclo do ensino básico e compará-la com os valores nacionais;
Verificar qual a percentagem dos equipamentos informáticos de cada estabelecimento de ensino que estão directamente ligados a actividades pedagógicas (aulas e actividades de complemento curricular);
Tipificar os professores que usam as TIC na sua prática lectiva e conhecer de forma quantitativa e qualitativa o seu uso;
Tipificar os alunos que usam as TIC na realização de tarefas escolares e conhecer de forma quantitativa e qualitativa o seu uso;
Avaliar a valoração atribuída por professores e alunos ao uso das TIC na concretização de tarefas escolares pelos alunos no concelho de Fafe.
Para tal, foram desenvolvidos questionários específicos e inquiridos 849 alunos e 207 professores do 3º ciclo das escolas EB 2,3 do Professor Carlos Teixeira, EB 2,3 de Montelongo, EB 2,3 de Revelhe e EB 2,3 de Silvares, no ano lectivo de 2002/03.
Do tratamento estaístico dos resultados, torna-se evidente que se está ainda aquém das metas definidas pelo programa governamental e pelos planos eLearning e eEurope.
Mas mais preocupante, ainda, é a aparente falta de uma linha comum de orientação para a aplicação dos meios disponíveis às actividades pedagógicas em contexto de sala de aula e o frequente desvio dos meios, de fins didáctico-pedagógicos para fins administrativos.
Os computadores existem na escola, mas fora da educação, das actividades lectivas, do ensino-aprendizagem.