segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Chile: Mineiros falaram com famílias por videoconferência

A perfuradora Schramm T-130, máquina que as autoridades denominaram como "Plano B",
começou a trabalhar neste domingo


Reduzir Normal Aumentar Imprimir O ministro de Mineração chileno, Laurence Golborne, confirmou neste domingo que a máquina T-130, a perfuradora que as autoridades denominaram como "Plano B", começou a realizar seu trabalho na jazida onde 33 mineiros continuam presos desde o dia 5 de agosto.
Em entrevista coletiva no acampamento "Esperança", local da mina, Golborne disse que começou o mencionado plano "embora 30 minutos mais tarde".A T-130 começou a perfurar de forma paralela à galeria que executa a gigantesca máquina Strata 950, que segundo a autoridade já alcançou 70 m de profundidade.
A perfuração com a máquina alargará uma das sondas utilizadas para se comunicar com a galeria e transformá-la em uma eventual via de evacuação.
Nos próximos dias se espera a chegada da terceira alternativa para poder resgatar os mineiros: uma máquina de sondagem de petróleo cedida pela ENAP e que está no porto de Iquique, no norte do Chile.
Golborne assinalou que os especialistas estimam que os operários presos a 700 m de profundidade poderiam ser resgatados no começo de dezembro, embora a maioria dos familiares acreditem que no final de outubro ou começo de novembro eles estarão na superfície.


Escavadora encontra-se a 660 metros do local onde estão os mineiros. Familiares criticam limites aos contactos com o fundo da mina.A proposta do Presidente do Chile, Sebastián Piñera, em fechar a mina de São José e erguer no local um santuário desencadeou uma onda de controvérsia no dia em que se cumpriu um mês de permanência debaixo de solo dos 33 mineiros. Estes puderam falar ontem pela primeira vez por videoconferência com as respectivas famílias. Para assinalar a data, às 13.45 locais (18.45 em Portugal) decorreu no exterior da mina uma serenata de buzinas, apitos e assobios coincidindo com o momento do desabamento há um mês. Realizado pelos familiares e membros das equipas de salvamento, o acto foi classificado como um "gigantesco buzinão" pelo Diário Chañarcillo, jornal da província onde se situa a mina.
A questão do templo religioso em São José levantou de imediato interrogações sobre o santo a quem seria dedicado e sua natureza confessional. Isto porque sendo o Chile um país de maioria católica, nele existe uma importante minoria evangélica, presente na região de São José e, principalmente, porque cerca de metade dos 33 seguem esta denominação.
Da videoconferência - um minuto por mineiro - resultou uma outra controvérsia, desta vez envolvendo os familiares dos 33 e os responsáveis pela operação de salvamento. Por um lado, as famílias queixaram-se de que 60 segundos eram insuficientes, exigindo mais tempo; por outro lado, emergiu das conversas o facto de muitas das cartas escritas pelas mulheres e familiares dos mineiros não lhes serem entregues.
A primeira reivindicação foi depressa aceite, escrevendo a edição online do diário El Mercurio que as conversas poderão prolongar- -se por cinco minutos, estudando--se a possibilidade dos mineiros verem os seus interlocutores, o que não sucedeu ontem. Nesta primeira videoconferência, apenas os familiares tiveram acesso a imagens.
O segundo ponto permanece em aberto, principalmente por argumentos de ordem psicológica. Alberto Iturra, responsável por este aspecto das operações, explicou que "algumas cartas continham mensagens inconvenientes, susceptíveis de provocar alterações na unidade do grupo, fundamental nesta etapa para a sua sobrevivência".
Associado à explicação do psicólogo que, anteriormente, dissera "ser inegociável a supervisão do conteúdo das cartas" para evitar que "alguém mande qualquer mensagem que possa gerar mal- -entendidos lá em baixo", foi descoberta a existência de perguntas dos jornalistas aos mineiros. Um aproveitamento das comunicações pessoais considerado inaceitável pelos responsáveis do salvamento.
Iturra comentou as declarações feitas na véspera pelo ministro da Saúde, Jaime Mañalich, sugerindo o envio "de empadas e algum vinho tinto" para os mineiros celebrarem o 18 de Setembro, data da independência do Chile. Para o psicólogo, não é aceitável "mais uma variável lá em baixo, porque não sei em que condições eles estão... E imaginem que um e outro e outro não bebem o vinho e que o seu consumo se concentra em três ou quatro pessoas? Como vamos lidar com isso?", disse ao Diário Chañarcillo.
As operações para a abertura do túnel prosseguiam enquanto se ultimavam os preparativos para a abertura de outra conduta. A primeira perfuradora, activa desde 30 de Agosto, percorrera até ontem 42 em 702 metros, profundidade