São Paulo - 17 de Dezembro de 2007
Donos de portos de areia do Vale do Paraíba chegam a faturar mais de R$ 170 milhões com a exploração de uma única cava. A cifra, apurada a partir do volume de minério extraído de cada cratera, não leva em consideração o valor cobrado pelos areeiros para o transporte do produto. Segundo levantamento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de cada cava é possível retirar até 8,5 milhões de metros cúbicos de areia.Atualmente, cada metro cúbico é vendido, em média, a R$ 20 nas mineradoras da região. A manutenção da atividade requer poucos funcionários. Um porto de areia não costuma empregar mais que 20 trabalhadores, quase sempre homens e com baixo grau de instrução, uma mão-de-obra barata e, acima de tudo, abundante.
Essa alta rentabilidade justifica a franca expansão do setor.
Em apenas duas décadas, o número de cavas abertas em áreas de várzea do rio Paraíba do Sul entre Jacareí e Pindamonhangaba saltou de 49 para 255, um espantoso crescimento de mais de 400%. Todos os meses, a região produz cerca de 750 mil metros cúbicos de areia, o equivalente a um quarto de todo o minério comercializado no Estado ou 5% da produção nacional. A maior parte dessa areia é usada para abastecer o mercado da Grande São Paulo.
Especialistas alertam, porém, que a exploração desordenada das cavas pode ter um alto custo para a sociedade. Nas glebas usadas para a extração de areia, problemas como erosões, desmatamento e contaminação da água são cada vez mais visíveis (leia texto nesta página).
Em apenas duas décadas, o número de cavas abertas em áreas de várzea do rio Paraíba do Sul entre Jacareí e Pindamonhangaba saltou de 49 para 255, um espantoso crescimento de mais de 400%. Todos os meses, a região produz cerca de 750 mil metros cúbicos de areia, o equivalente a um quarto de todo o minério comercializado no Estado ou 5% da produção nacional. A maior parte dessa areia é usada para abastecer o mercado da Grande São Paulo.
Especialistas alertam, porém, que a exploração desordenada das cavas pode ter um alto custo para a sociedade. Nas glebas usadas para a extração de areia, problemas como erosões, desmatamento e contaminação da água são cada vez mais visíveis (leia texto nesta página).
Panorama
A produção de areia no Vale do Paraíba já foi maior, sobretudo entre as décadas de 1980 e 1990, quando ainda era permitida a extração no leito do rio Paraíba. Nessa época, a região chegava a vender mais de um milhão de metros cúbicos do minério por mês. "O nível de base do rio afundou cinco metros nesse período", afirma o pesquisador Romeu Simi, que há pelo menos dez anos estuda a evolução das áreas degradadas.
"Com as mudanças na legislação, as mineradoras passaram a explorar apenas as cavas", completou. Juntas, as crateras abertas pelos areeiros já ocupam 17,3 milhões de metros quadrados no Vale. Tremembé concentra o maior número de pontos de extração (91) e a mais extensa área ocupada (5,4 milhões de metros quadrados).
A produção de areia no Vale do Paraíba já foi maior, sobretudo entre as décadas de 1980 e 1990, quando ainda era permitida a extração no leito do rio Paraíba. Nessa época, a região chegava a vender mais de um milhão de metros cúbicos do minério por mês. "O nível de base do rio afundou cinco metros nesse período", afirma o pesquisador Romeu Simi, que há pelo menos dez anos estuda a evolução das áreas degradadas.
"Com as mudanças na legislação, as mineradoras passaram a explorar apenas as cavas", completou. Juntas, as crateras abertas pelos areeiros já ocupam 17,3 milhões de metros quadrados no Vale. Tremembé concentra o maior número de pontos de extração (91) e a mais extensa área ocupada (5,4 milhões de metros quadrados).
O período médio de exploração de cada cava é de 10 anos. Depois disso, o que sobra no local é uma imensa lagoa "estéril", em alguns casos, com 30 metros de profundidade e um quilômetro de extensão com potencialidade de uso extremamente reduzida.
"Depois de exploradas, essas cavas são abandonadas pelos mineradores, que não fazem nenhuma medida de remediação no local. Os poucos que fazem, só fazem por força de determinação judicial", disse Simi, que trabalhou no Inpe.
Passivo
Recente relatório da Secretaria Estadual de Meio Ambiente sobre a mineração no Vale atesta o discurso do pesquisador. O documento aponta que os poucos projetos de recuperação implantados nas áreas degradadas têm apresentado resultados bastante limitados.
Na maior parte dos casos, a qualidade dos plantios florestais destinados à recuperação vegetal das glebas degradadas é prejudicada pela "ausência de manutenção pós-plantio", em outras palavras, pelo abandono dos locais que, por lei, deveriam ser recuperados pelos mineradores
Passivo
Recente relatório da Secretaria Estadual de Meio Ambiente sobre a mineração no Vale atesta o discurso do pesquisador. O documento aponta que os poucos projetos de recuperação implantados nas áreas degradadas têm apresentado resultados bastante limitados.
Na maior parte dos casos, a qualidade dos plantios florestais destinados à recuperação vegetal das glebas degradadas é prejudicada pela "ausência de manutenção pós-plantio", em outras palavras, pelo abandono dos locais que, por lei, deveriam ser recuperados pelos mineradores