quinta-feira, 3 de julho de 2008

Mineração aquecida movimenta mercado de trabalho e fornecedores

A atividade mineradora no Brasil lidera a lista de investimentos previstos no país até 2012.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), as mineradoras brasileiras investirão US$ 47 bilhões nos próximos quatro anos, sendo que 59% serão destinados para a cadeia de minério de ferro, com atenção especial para a renovação da frota e maquinário.De olho nesses números, os promotores da Equipo Mining 2008, maior evento de demonstração de máquinas, de equipamentos e de tecnologia para mineração na América Latina, prevêem um bom volume de negócios durante o encontro que acontece de 19 a 22 de agosto, na Mina de Águas Claras, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Mais de 95% dos estandes estão comercializados. Pela primeira vez grandes empresas fornecedoras do segmento como a Evergreen, fabricante de pneu, a Liugong e a Sany, fabricantes chinesas de carregadeiras e escavadeiras e a alemã Liebherr, responsável por cerca de 70% do mercado nacional de equipamentos pesados, estarão presentes.

Segundo o organizador do evento, Joseph Young, a previsão é que a feira movimente mais de R$ 250 milhões em negócios nos setores de mineração, construção, engenharia e montagem industrial. A grande atração é a demonstração de equipamentos e máquinas em condições reais, em uma mina desativada com mais de 100 mil metro quadrados ocupados, o que vai permitir ao público conhecer de perto as mais recentes tecnologias do setor.

Caça a mão-de-obra
O superaquecimento do mercado está provocando uma briga quente entre mineradoras e siderúrgicas por profissionais do setor. Para atender à demanda em ebulição, elas têm investido na construção de novas plantas, usinas de pelotização e até de minerodutos em Minas Gerais e no Brasil.

O problema é que falta gente qualificada para trabalhar. E a solução adotada por algumas companhias tem sido “roubar” profissionais na porta do concorrente. Segundo informações do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Ferro e Metais Básicos (Metabase) de Mariana, que representa também empregados de Catas Altas, Santa Bárbara, Barão de Cocais, Caeté, São Gonçalo do Rio Abaixo, Rio Piracicaba, João Monlevade e Bela Vista de Minas, pelo menos 20 trabalhadores, em pouco mais de três meses, já trocaram as empresas de origem pela concorrência.

”Somente a MMX e a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) já conseguiram levar da Vale uns 15 funcionários”, afirma o presidente do sindicato, José Horta Mafra Costa. Daniel Dantas, gerente geral do Projeto Minas-Rio da MMX, que inclui duas minas e uma unidade de beneficiamento na Região de Conceição do Mato Dentro, além de um mineroduto que transportará o minério por 525 quilômetros, passando por 32 municípios mineiros e cariocas, reconhece que a falta de mão-de-obra qualificada é um empecilho.

E admite que a mineradora tem ido buscar trabalhadores nas empresas concorrentes. “Atualmente, no Brasil, essa é a única forma de termos profissionais experientes na nossa equipe”, diz ele, ressaltando que engenheiros de minas e geólogos são os mais escassos. Para Dantas, a explicação para a caça aos bons profissionais passa pela ausência de atrativos na década de 90 e até após o ano 2000. “Naquela época, o número de formandos nos cursos específicos da área de mineração, como engenharia de minas e geologia, era muito baixo.

Muitos alunos optavam por interromper o curso e seguir outras áreas mais promissoras, como financeira, bancária ou de ensino. Alguns optavam por abrir seu próprio negócio. Com o bom momento atual, o assédio deve ser intensificado. Somente o projeto Minas_Rio vai gerar cerca de 10 mil empregos durante as obras. Para o mineroduto, serão contratados em torno de 2 mil trabalhadores.

E após a conclusão, apenas em Minas Gerais, mil trabalhadores terão a carteira de trabalho assinada. Paralelamente, segundo o gerente geral da MMX, a mineradora também vem investindo na especialização de quem já pertence ao quadro de funcionários.
“Alguns de nossos profissionais fizeram curso na Austrália e freqüentemente visitam operações de mineração em países onde a atividade é tradicional, como Canadá, Estados Unidos e África do Sul”, conta. E como a contratação de trabalhadores que vivem próximos das operações faz parte dos planos, a mineradora assinou convênio com o Senai para oferecer cursos profissionalizantes na Região de Conceição do Mato Dentro, a partir do primeiro trimestre de 2009.
Fonte: Assessoria do Ibram e do Jornal O Tempo.

Embora os minerais são utilizados pelo homem desde a Antigüidade, somente em tempos mais recentes é que a Mineralogia foi reconhecida como uma ciência. Na Idade da Pedra o homem já utilizava os minerais, principalmente, em registros de pinturas rupestres de cavernas, onde era utilizada a hematita (pigmentos avermelhados) e a pirolusita (pigmentos pretos). Substâncias como o ouro nativo, malaquita, lápis-lazúli e esmeralda, já eram conhecidas, comercializadas e utilizadas pelas civilizações do vale do rio Nilo, na África, há cerca de 5.000 antes do Presente. A arte da mineração, nos registros arqueológicos, já era amplamente conhecida pelas civilizações chinesa, babilônia, egípcia e grega. Além do ouro nativo, cobre nativo e prata nativa, as civilizações da Antigüidade já conheciam jazimentos ricos em combinações de substâncias ricas em cobre, estanho e ferro e, assim, aprenderam a extrair, fundir e processar esses minerais para forjar suas armas e instrumentos úteis em seu dia-a-dia. Também coletavam pedras coloridas que, por sua beleza, os deixavam maravilhados.
Surgiu, então, na antiga Grécia, com Platão (427 a.C. –347 a.C.) e Aristóteles (384 a.C. –322 a.C), os primeiros estudos relacionados às substâncias cristalinas. Seguiram-nos o grego Theophrastus (372 a.C. –287 a.C.) que descreveu as primeiras 16 espécies mineralógicas. Após, o romano Plínio Gaio – “o Velho” (23 -79), que escreveu quatro tratados em que trazia todo o conhecimento a respeito dos minerais na época. Na Idade Média o Ocidente entrou em franco declínio científico, devido à Inquisição, vindo, então, o Oriente, que assimilou a cultura grega e indu ascendendo cientificamente. Destacou-se o médico árabe Avicenna (980 -1037) que publicou o “Tratado das Pedras”, fazendo a primeira classificação taxonômica dos minerais conhecidos à época. Assim, em decorrência dessa treva cultural estabelecida durante a Idade Média, o estudo dos minerais ficou restrito, por um longo período, apenas a especulações sobre propriedades mágicas que as pedras teriam. A Química se restringia apenas a estudos limitados e primordiais da alquimia. Contudo, já se dava nomes primitivos às minas e às pedras. A partir do final da Idade Média, no século XVI, surgiu na literatura européia o trabalho do médico da Bohêmia, Georgius Agrícola (1494 -1555), denominado De Re Metallica, considerado um marco para a emergência da mineralogia como ciência. O eminente cientista versou sobre as práticas mineiras aplicadas na Alemanha e Itália e propôs uma classificação das substâncias cristalinas em relação aos jazimentos em que elas se formavam. Logo a seguir, estudando relações de cristais de quartzo e hematita, o médico dinamarquês Niels Stensen (Nicolas Steno) (1638 -1686) enunciou em 1669, a Lei da Constância dos Ângulos Diedros. Ele notou que a despeito da origem, tamanho ou hábito, os ângulos entre as faces correspondentes são sempre constantes. Estava sendo embasado o que viria a ser uma nova ciência: a Mineralogia. Na Rússia surgiu um dos maiores expoentes da Mineralogia, o químico Mikhail Vassilievich Lomonósov (1711 - 1765), que formulou a Teoria da Estrutura Cristalina das Substâncias. Em 1784, René J. Haüy (1743 -1822) mostrou que os cristais são construídos por ínfimos blocos, que ele chamou de “moléculas integrais”, que correspondem a conceito de celas unitárias da cristalografia moderna. Mais tarde desenvolveu a teoria dos índices racionais das faces cristalinas. Na Alemanha surgiu a Escola de Freiberg, encabeçada por Abraham Gottlob Werner (1750 –1817), que influenciou o desenvolvimento da mineralogia em todos os países da Europa Ocidental. No início do século XIX, em Londres, William Hyde Wollaston (1766 -1828) inventou o goniômetro de reflexão que permitiu medidas precisas da posição das faces dos cristais, tornando a cristalografia em uma ciência exata. Em meados do século XIX, a mineralogia constitui-se definitivamente como a ciência dos minerais. Separou-se as rochas, até então consideradas minerais, e passou-se a considerar os minerais isoladamente como indivíduos cristalinos, com estudos precisos sobre as formas cristalográficas e das características físicas e químicas através das primeiras análises químicas completas dos minerais. O mineralogista russo Nicolai Yvanovich Koksharov (1818 -1893) fez a primeira sistematização dos minerais utilizando-se de critérios descritivos e parâmetros matemáticos dos cristais.
Somente a partir do estabelecimento do Sistema Periódico dos Elementos, pelo químico russo Dimitri Mendeleyév (1834 -1907), é que se conseguiu classificar quimicamente as substâncias cristalinas. Começou-se, então, a se esboçar a mineralogia moderna. Em 1828, o físico escocês, William Nicol (1770 -1851) inventou uma lente à luz polarizada que permitiu o estudo ótico sistemático em substâncias cristalinas, o que tornou o microscópio à luz polarizada, em uma ferramenta fundamental na mineralogia. No final do século XIX, o mineralogista russo Evegne S. Fedorov (1853 -1919) e o físico alemão Arthur Moritz Schönflies (1853 -1928), quase simultaneamente, desenvolveram teorias sobre ordem e simetria interna dos cristais que constituíram a fundação dos trabalhos de cristalografia por raios-x. Em 1912, a difração de raios-x tornou-se um método poderoso no estudo dos minerais, através de estudos do cristalógrafo alemão Max Von Laue (1879 -1960), e em 1914, pela primeira vez uma estrutura cristalina é determinada por difração, pelos físicos ingleses William Henry Bragg (1862 -1942) e William Lawrence Bragg (1890 -1971). A partir de 1960 o estudo da química mineral, em microescala, foi possível com o advento da microsonda eletrônica, dotada de feixes de elétrons, que pode fornecer análises in situ e em grãos tão pequenos quanto um micrometro (0,001 mm). Desde 1970, outros instrumentos com feixes de elétrons podem magnificar a arquitetura interna dos minerais, milhões de vezes, com imagens da estrutura atômica, tais como os Microscópio Eletrônico de Transmissão (TEM) e o Microscópio Eletrônico de Transmissão de alta resolução (HRTEM). Atualmente, a ciência dos minerais inclui uma série de estudos a partir da difração de raios-x, difração de nêutrons, síntese mineral, estabilidade termodinâmica, petrografia experimental e aspectos da metalurgia e novos materiais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATEMAN, A. Yacimientos Minerales de Rendimiento Economico. Barcelona: Omega, 1968, 752 p. CRAIG, J.R.; VAUGHAN, D.J. & SKINNER, B.J. Resources of the Earth, Origen, Use, and Environmental Impact. Upper Saddle River: Prentice Hall, 2001, 520 p. KLEIN, C. The Manual of Mineral Science. New York: John Wiley & Sons, 2003, 646 p. MILOVSKY, A.V. & KONONOV, O.V. Mineralogy. Moscow: Mir Publishers, 1985, 320 p