domingo, 12 de agosto de 2007

AQÜÍFERO GUARANI SC EST MEIO AMBIENTE S PAULO








Aqüífero Guarani

O Aqüífero Guarani é o maior manancial de água doce subterrânea transfronteiriço do mundo. Está localizado na região centro-leste da América do Sul, entre 12º e 35º de latitude sul e entre 47º e 65º de longitude oeste e ocupa uma área de 1,2 milhões de Km², estendendo-se pelo Brasil (840.000l Km²), Paraguai (58.500 Km²), Uruguai (58.500 Km²) e Argentina (255.000 Km²).
Sua maior ocorrência se dá em território brasileiro (2/3 da área total), abrangendo os Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Localização do Aqüífero Guarani

Esse reservatório de proporções gigantescas de água subterrânea é formado por derrames de basalto ocorridos nos Períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo Inferior (entre 200 e 132 milhões de anos). É constituído pelos sedimentos arenosos da Formação Pirambóia na Base (Formação Buena Vista na Argentina e Uruguai) e arenitos Botucatu no topo (Missiones no Paraguai, Tacuarembó no Uruguai e na Argentina).

A espessura total do aqüífero varia de valores superiores a 800 metros até a ausência completa de espessura em áreas internas da bacia. Considerando uma espessura média aqüífera de 250 metros e porosidade efetiva de 15%, estima-se que as reservas permanentes do aqüífero (água acumulada ao longo do tempo) sejam da ordem de 45.000 Km³.

O Aquífero Guarani constitui-se em uma importante reserva estratégica para o abastecimento da população, para o desenvolvimento das atividades econômicas e do lazer.

Sua recarga natural anual (principalmente pelas chuvas) é de 160 Km³/ano, sendo que desta, 40 Km³/ano constitui o potencial explotável sem riscos para o sistema aqüífero.

As águas em geral são de boa qualidade para o abastecimento público e outros usos, sendo que em sua porção confinada, os poços tem cerca de 1.500 m de profundidade e podem produzir vazões superiores a 700 m³/h.


Conheça Melhor o Aquífero Guarani
Uma Bacia Gigantesca*
1
Além do Guarani, sob a superfície de São Paulo, há outro reservatório, chamado Aqüífero Bauru, que se formou mais tarde. Ele é muito menor, mas tem capacidade suficiente para suprir as necessidades de fazendas e pequenas cidades.
3
Nas margens do aqüífero, a erosão expõe pedaços do arenito. São os chamados afloramentos. É por aqui que a chuva entra e também por onde a contaminação pode acontecer.
2
O líquido escorre muito devagar pelos poros da pedra e leva décadas para caminhar algumas centenas de metros. Enquanto desce, ele é filtrado. Quando chega aqui está limpinho.
4
A cada 100 metros de profundidade, a temperatura do solo sobe 3 graus Celsius. Assim, a água lá do fundo fica aquecida. Neste ponto ela está a 50 graus.
* Figuras e Textos Extraídos da Revista Super Interessante nº 07 ano 13



Perfil do Aqüífero Guarani
a partir da Área de Recarga

No Estado de São Paulo, o Guarani é explorado por mais de 1000 poços e ocorre numa faixa no sentido sudoeste-nordeste. Sua área de recarga ocupa cerca de 17.000 Km² onde se encontram a maior parte dos poços. Esta área é a mais vulnerável e deve ser objeto de programas de planejamento e gestão ambiental permanentes para se evitar a contaminação da água subterrânea e sobrexplotação do aqüífero com o consequente rebaixamento do lençol freático e o impacto nos corpos d'água superficiais.

Legenda:
LOCALIZAÇÃO DOPERFIL NA ÁREA
Fonte:
Estudo Hidroquímico e Isotópico das Águas subterrâneas do Aqüífero Botucatu no Estado de São Paulo - 1983
Aqüífero Bauru
Aqüífero Serra Geral (basalto)
Aqüífero Botucatu
Substrato do Aqüífero( Grupos Passa Dois e Tubarão)
Poço e Código de Referência
– – –
Nível Potenciométricodo Aqüífero Botucatu
Direções de Fluxo d'águano Aqüífero Botucatu
Nota explicativa: Perfil elaborado com base em dados de poços de água (D.A.E.E.) e poços de pesquisa de petróleo (Petrobrás e Paulipetro)
Rosa B.G. da Silva
A combinação da qualidade da água ser, regra geral, adequada para consumo humano, com o fato do aqüífero apresentar boa proteção contra os agentes de poluição que afetam rapidamente as águas dos rios e outros mananciais de água de superfície, aliado ao fato de haver uma possibilidade de captação nos locais onde ocorrem as demandas e serem grandes as suas reservas de água, faz com que o Aqüífero Guarani seja o manancial mais econômico, social e flexível para abastecimento do consumo humano na área.

Por ser um aquífero de extensão continental com característica confinada, muitas vezes jorrante, sua dinâmica ainda é pouco conhecida, necessitando maiores estudos para seu entendimento, de forma a possibilitar uma utilização mais racional e o estabelecimento de estratégias de preservação mais eficientes.
Uma Reserva para o Futuro*

AfloramentosPara impedir a contaminação pelo derrame de agrotóxicos, um dia a agricultura que utiliza fertilizantes e pesticidas poderá ser proibida nestas regiões.
AquecimentoEm regiões onde o aqüífero é profundo, as fazendas poderão aproveitar a água naturalmente quente para combater geadas. Ou para reduzir o consumo de energia elétrica em chuveiros e aquecedores.
IrrigaçãoUsar água tão boa para regar plantas é um desperdício. Mas, segundo os geólogos, essa pode ser a única solução para lavoura em áreas em risco de desertificação, como o sul de Goiás e o oeste do Rio Grande do Sul.
AquedutoTransportar líquido a grandes distâncias é caro e acarreta perdas imensas por vazamento. Mas, para a cidade de São Paulo, que despeja 90% de seus esgotos nos rios, sem tratamento nenhum, o Guarani poderá, um dia, ser a única fonte.
* Figuras e Textos Extraídos da Revista Super Interessante nº 07 ano 13

O papel dos combustíveis fósseis no Século XXI e o Brasil

Autor/Fonte: Fernando Luiz Zancan*

O papel dos combustíveis fósseis no Século XXI e o Brasil
Cerca de 40% de energia elétrica será gerada pelo carvão mineral, que é abundante e barato no mundo; não sofre com turbulências geopolíticas; e deverá continuar crescendo em ritmo superior a de seus concorrentes fósseisNo dia 27 de junho, no Auditório Petrônio Portela no Senado Federal, tivemos uma oportunidade única de debater, com importantes autoridades internacionais e brasileiras, o papel dos combustíveis fosseis no século XXI, seus desafios e oportunidades.O seminário internacional, realizado pela Comissão de Serviços de Infra-estrutura do Senado Federal – com a participação da Comissão de Minas Energia da Câmara dos Deputados e com o apoio da Eletrobrás, Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM) e Agência Internacional de Energia (IEA) – mostrou que nas próximas décadas, o mundo não terá substitutos para os combustíveis fósseis, que hoje representam aproximadamente 85% da oferta de energia. Cerca de 40% de energia elétrica continuará sendo gerada pelo carvão mineral, que é um combustível abundante e barato no mundo; não sofre com as turbulências geopolíticas; não está concentrado nas mãos de poucos e deverá continuar crescendo em ritmo superior ao dos seus concorrentes fósseis. O mundo sofre, como nunca, com as tensões geopolíticas na área energética e, se não buscarmos alternativas, a concentração do petróleo nas mãos da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) poderá chegar a 50%. No gás, a concentração da produção e reservas sob o domínio de quatro países (Rússia, Iran, Qatar e Commonwealth of Independent States - CIS) tende a crescer. E, com o aumento de demanda, ocorre a tensão nos preços e na segurança energética, principalmente dos países dependentes desses dois combustíveis. Novos patamares de preços do petróleo e do gás natural são uma realidade e – junto com a necessidade de obterem combustíveis (ou segurança energética) - estão levando o mundo a buscar primeiramente o menor consumo de energia (eficiência energética) e, depois, alternativas de produção de fontes domésticas, onde se incluem as renováveis (como, eólica, solar, biocombustível e hidráulica) e os fósseis – cujo carvão é o principal.De acordo com dados do BP Statiscal Review 2007, a demanda de carvão cresceu 24,1% entre 2000 e 2005, enquanto a do gás teve 13% no mesmo período. Este crescimento do carvão se deve, basicamente, a países em desenvolvimento com altos índices de aumento de demanda de energia e que tem no carvão sua maior fonte de energia doméstica como, por exemplo, a China e a Índia. No entanto, é notório que nos países desenvolvidos o crescimento da demanda de energia – que não é tão grande como nos países em desenvolvimento – aliado a revitalização do seu parque de geração de energia levará a Europa, por exemplo, a investir em 550 GW até 2030.Há várias vertentes para esta renovação, como a energia nuclear – que encontra oposição em vários países, como Alemanha e Itália – e as renováveis, com seus custos elevados e energia intermitente. Além destas, temos as fósseis, como o gás natural e o carvão. Apesar de afirmarem que no Brasil o uso do carvão está na contramão da história, os números de novas unidades a carvão sendo projetadas e construídas na Europa é significativo. O carvão, então, deixou de ser o patinho feio no momento em que a necessidade e o pragmatismo vêm à tona, num cenário energético estressado como o atual.Como foi dito no seminário, todas as formas de energia têm seus impactos econômicos e ambientais. O desafio, então, é reduzi-los. No que tange aos fósseis, o objetivo é diminuir suas emissões – que vêm ocorrendo há décadas – com o fim das chuvas ácidas, com a redução de particulados e, agora, com a busca na eliminação de CO2, tanto na cadeia do petróleo, quanto na de gás e no carvão. Ainda no seminário, ficou claro o elevado investimento em tecnologia feita pela indústria do petróleo, gás e carvão para realizar a captura e o seqüestro geológico do dióxido de carbono. Tecnologia esta que deverá ser comercializada nos próximos 15 anos. Conhecidas como “carvão limpo”, essas tecnologias incluem o aumento de eficiência das plantas a carvão – na Alemanha há eficiências de 47% - e tecnologias como gaseificação em ciclo combinado e combustão com injeção de oxigênio, com plantas de demonstração já em construção, permitirão alcançar uma redução de cerca de 90% do CO2 emitido.O que isso tem a ver com o Brasil? O seminário trouxe reflexões sobre a única certeza que temos: o clima do mundo está mudando. E isso impactará no regime hidrológico brasileiro e, com certeza, afetará os nossos modelos estatísticos de previsão de despacho do nosso sistema hidrotérmico. Tratando-se de energia, o planejamento e a visão de longo prazo são fundamentais. O risco de estarmos baseados em uma só fonte, a hidráulica, em um momento de incerteza climática nos faz refletir quais políticas públicas devem ser feitas para garantir a nossa segurança energética. O efeito Argentina – que hoje passa por uma grave crise energética e que afeta tanto o Uruguai como o Chile e que tem no parque térmico brasileiro a sua salvação – deve ser refletido por nossos planejadores energéticos. O seminário não encerrou no dia 27 de junho. Suas informações e mensagens – principalmente aquelas citadas pelos nossos legisladores, presidentes da Comissão de Serviços de Infra-estrutura do Senado Federal e da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados – permanecerão como contribuição para que o Brasil tenha uma matriz energética equilibrada, ambientalmente aceitável e compatível com a realidade econômica de um país que precisa se desenvolver para dar uma melhor condição de vida para seus cidadãos.
*Fernando Luiz Zancan é presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral