Data: 18/09/2007
Nas entranhas do planeta
Ciência e TecnologiaMARK RUTTER/ Graphic News
Uma expedição que começa na próxima sexta-feira pretende romper, pela primeira vez, a crosta terrestre. Liderado pela agência japonesa de tecnologia e ciências do mar e da terra, a Jamstec, o Programa Integrado de Perfuração Oceânica (IODP) tentará penetrar numa esquiva fronteira conhecida como descontinuidade Mohovicic, ou Moho, que marca a divisão entre a delgada camada de rocha externa do planeta e seu manto interior, flexível e quente.As perfurações serão feitas na Fossa de Nankai, junto à costa japonesa, no Oceano Pacífico, onde a crosta é relativamente fina. No trabalho será utilizado o mais sofisticado navio científico da atualidade. Com 210 metros de comprimento e avaliado em US$ 475 milhões, o Chikyu (terra, em japonês) é equipado com a maior perfuratriz já construída para escavações no leito dos oceanos. A máquina pode levar uma broca até 2,5 mil metros abaixo da superfície do mar e, a partir dali, cavar até uma profundidade de 7 mil metros. Deve demorar um ano, no entanto, até que a perfuração alcance o manto.O Chikyu utiliza uma broca projetada para a indústria do petróleo. O sistema é protegido por um segundo tubo, cheio de lama, que envolve a perfuratriz, reduzindo atritos e removendo os detritos. Válvulas reguladoras evitam vazamentos caso a broca encontre áreas de alta pressão ou depósitos de petróleo e gás.Após o Chikyu fazer uma perfuração, sensores serão instalados no interior do buraco para monitorar o movimento das placas tectônicas. O objetivo é descobrir uma maneira de prever quando e onde os terremotos irão ocorrer a tempo de retirar pessoas das áreas afetadas.Também serão extraídas amostras de rocha e lava das profundezas, que poderão oferecer pistas sobre as condições climáticas na Terra ao longo de milhões de anos. Essas amostras poderão conter, também, sinais de formas de vida que sobrevivem em temperaturas elevadas.As camadas da TerraA crosta terrestre é formada por uma camada de rocha sólida que reveste todo o planeta. Tem uma espessura média de 72 quilômetros sob os continentes, e menos de oito quilômetros em algumas áreas no fundo dos mares. Embaixo da crosta, fica o manto, formado por rochas derretidas por causa do calor.Cavar fundo na crosta é muito perigoso. Há risco de atingir essas aquecidas regiões de rocha derretida, ou campos de gás e petróleo.Por isso, o mais profundo buraco já aberto pelo homem tem pouco mais de 12,2 mil metros, e vem sendo cavado pelos russos há quase 40 anos num lugar chamado Penísula de Kola. Mas a crosta terrestre tem cerca de 20 mil metros de espessura naquele ponto. Assim, a escavação ainda está longe de atingir o manto.
Fonte: Clicrbs - Diário Catarinense