quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Estudiar Geología: Ciencia - Profesión - Aventura

GEO RIO GEORIO - O Instituto de Geotécnica do Município do Rio de Janeiro,

GEORIO   O Instituto de Geotécnica do Município do Rio de Janeiro, hoje Fundação GEO-RIO, órgão da Secretaria Municipal de Obras da Prefeitura, foi criado em 12 de maio de 1966, pelo Decreto nº 609, assinado pelo então Governador do Estado da Guanabara, embaixador Francisco Negrão de Lima. O Instituto nasceu a partir de uma forte demanda popular que sofrera com as chuvas excepcionais que castigaram a Cidade no mês de janeiro daquele ano. Naquele verão, os acidentes geotécnicos nas encostas cariocas foram contabilizados às centenas, com um saldo de 70 mortos e mais de 500 feridos, deixando, por alguns dias, a Cidade Maravilhosa em situação calamidade pública, fato que gerou forte repercussão nacional e internacional.  Dentre as várias atribuições legais que o novo órgão teria, destacava-se a elaboração de planos emergenciais e de longo prazo para a proteção das encostas: todas as situações de risco deveriam ser cadastradas e as providências executadas para a suas eliminações. Para tanto, reuniu-se um quadro técnico de especialistas, principalmente engenheiros civis e geólogos, que se dedicaram à Cidade, diuturnamente, naqueles primeiros meses após a catástrofe. O pioneirismo mundial deste órgão público, aliado ao conhecimento e ao empreendedorismo de seu quadro técnico, levou, em pouco tempo, ao seu reconhecimento como órgão geotécnico de excelência a nível mundial.  Naqueles primeiros anos de vida do Instituto de Geotécnica, a Cidade passou a admirar e a se acostumar com as obras públicas de contenção – verdadeiras esculturas em concreto e aço - que se multiplicavam nos pontos mais inacessíveis das encostas. Além das obras, o recém criado órgão ficou responsável pelos levantamentos e cadastramentos das características geológico-geotécnicas dos solos, das rochas e das jazidas de materiais de construção do Estado da Guanabara e pelo maior rigor a ser aplicado nas análises para aprovação, licenciamento e fiscalização dos projetos contenção de encostas e de exploração de jazidas da iniciativa privada. Tornava-se realidade, pela primeira vez na história da Cidade do Rio de Janeiro, a implantação de uma política racional de ocupação das encostas a qual, capitaneada pelo Instituto de Geotécnica, estabelecia os critérios técnicos na definição das áreas sujeitas a risco de deslizamento.  A inquestionável necessidade desta nova política de ocupação foi ratificada cerca de nove meses após a criação do Instituto de Geotécnica. Em fevereiro de 1967, quando a Cidade já começava a notar os primeiros frutos do novíssimo órgão, ou seja, a execução de 39 obras de contenção, com o desenvolvimento de metodologias pioneiras para a execução das mesmas em locais de difícil acesso e grande altitude, novas chuvas torrenciais caíram sobre a Cidade. Naquela tragédia de 1967, cerca de 100 pessoas perderam a vida em decorrência de acidentes geológicos nas encostas, casas e ruas foram destruídas e nova situação de calamidade se instalou em diversos bairros. Não obstante as novas dificuldades imputadas por aquele trágico evento chuvoso do mês de fevereiro, ao final do ano de 1967, o Instituto de Geotécnica já havia concluído mais 50 obras de contenção, aumentado significativamente o nível de segurança das encostas cariocas. Durante o período entre a criação do Instituto de Geotécnica (em 1966) e a criação da Fundação GEO-RIO (em 1992), o órgão responsável pelas encostas da Cidade do Rio de Janeiro passou por várias modificações em seu status administrativo. Em 1973, O Instituto de Geotécnica passou a se chamar Superintendência de Geotécnica e em 1975, com a fusão dos Estados do Rio de Janeiro e da Guanabara, passou a ser a Diretoria de Geotécnica, órgão subordinado à Secretaria Municipal de Obras. Em 1979, uma nova reformatação do órgão lhe rebatizou como Superintendência de Geotécnia e em 1986, voltou ao status de Diretoria de Geotécnica. Não obstante tais modificações, muito do seu quadro técnico permaneceu no órgão, o que lhe imputou um extraordinário conhecimento da problemática das encostas e uma grande agilidade na definição e execução das obras de contenção. Em fevereiro de 1988, particularmente entre os dias 18 e 21 daquele mês, um novo evento de chuvas torrenciais ocorreu na Cidade. Somente naquele curto período, precipitações pluviométricas de até 449 mm em 4 dias e de 177mm em 24h foram registradas em diferentes pontos do Município, em especial nos bairros que abrangem e circunvizinham o Maciço Montanhoso da Tijuca. Como conseqüências, centenas de acidentes geológicos ocorreram nas encostas cariocas e 58 vítimas fatais foram contabilizadas. Dentre os acidentes mais graves com vítimas fatais, destacaram-se as ocorrências no Morro da Formiga no bairro da Tijuca, no Morro Santa Marta, em Botafogo e em Santa Tereza, onde um deslizamento catastrófico atingiu a Clínica Santa Genoveva. Uma vez mais a “Geotécnica”, nome popular do órgão naquela época, foi convocada a atuar diuturnamente para atender os mais de 1200 pedidos de vistorias de encostas solicitados pela população. A partir daquele evento, o Instituto de Geotécnica iniciou um período de grande desenvolvimento, com a execução de um número elevado de obras e a ampliação de seu quadro de funcionários técnicos. Junto ao “sangue novo” vieram as novas tecnologias. O órgão, concomitantemente à execução de dezenas de obras de estabilização e drenagem, iniciou seu processo de informatização, elaborou o primeiro mapa de risco do Município e implantou programas pilotos de monitoramento automático, geotécnico e pluviométrico, nas encostas. O ano de 1996 também correspondeu a um importante marco na história do órgão. Durante mais um período de intensas chuvas, registradas nos dias 13 e 14 de fevereiro, um grande número de acidentes aconteceu, em particular nas zonas sul e oeste da Cidade. Precipitações superiores a 190mm em 7 horas foram registradas nos bairros do Alto da Boa Vista e do Jardim Botânico. Corridas de massa - que constituem o tipo de escorregamento com maior potencial destrutivo – ocorreram em vários trechos dos maciços montanhosos da Tijuca e da Pedra Branca, destruindo centenas de moradias e ceifando a vida de 52 pessoas. Como conseqüência direta da catástrofe, um novo afluxo de técnicos e de investimentos se verificou na já, então, Fundação Instituto de Geotécnica do Município do Rio de Janeiro, ou, simplesmente, GEO-RIO como passou a ser conhecida. Nos anos que se seguiram a 1996, a GEO-RIO, além de suas atribuições cotidianas, experimentou uma nova fase de desenvolvimento: novas técnicas de contenção, utilizando materiais alternativos como pneus e fibras vegetais, foram testadas e aplicadas; metodologias para mapeamentos geológico-geotécnicos e de risco em escalas de detalhe foram desenvolvidas e executadas em dezenas de encostas ocupadas; delimitações físicas de áreas de risco foram implementadas e a Cidade passou a contar com um pioneiro sistema de alerta de chuvas intensas e de deslizamentos em encostas, o Sistema Alerta Rio, hoje referência nacional e internacional em termos de sistema de alerta.  Com mais de quatro décadas de atuação direta nos problemas geológicos e geotécnicos da Cidade do Rio de Janeiro e, em particular, nas suas áreas montanhosas, a Fundação GEO-RIO vem zelosamente cumprindo suas atribuições específicas e traz em seu currículo mais de 3000 obras de contenção, projetadas e executadas no Território Municipal. Ciente da importância do órgão para a melhoria da qualidade de vida da população e no planejamento da ocupação urbana do Município do Rio de Janeiro, seu quadro de funcionários se esforça para manter o elevado grau de qualidade dos serviços prestados pela GEO-RIO, que já alcançou a condição de “patrimônio técnico” dos brasileiros.
Fundação Instituto de Geotécnica
Cpo. de S. Cristóvão, 268, 1º e 3º andares
Tel.: 3878-7878 / Fax: 3878-7850


e-mail: georio@pcrj.rj.gov.br




Urbanização


Obras Viárias


Pontes, viadutos, passarelas e túneis


Esgotamento Sanitário


Canalização e Limpeza de Rios


Contenção de Encostas


Hospitais e Unidades de Saúde


Convênio PCRJ e Ministério das Cidades


As ações da Fundação GEO-RIO de mitigação de risco associadas a escorregamentos de maciços terrosos/rochosos, iniciada em 2005 com o projeto de “Cartografia de Risco Quantitativo a Escorregamentos em Setores de Assentamentos Precários na Cidade do Rio de Janeiro”, resultaram na identificação de 32 setores susceptíveis a ocorrência de movimentos de massa de solo/rocha.
Dando continuidade a estas ações, o Ministério das Cidades e Prefeitura do Rio de Janeiro, através da Fundação GEO-RIO, firmaram parceria para o desenvolvimento de projetos básicos que visam à eliminação de riscos em alguns dos setores identificados. Esta parceria resultou no contrato “ELABORAÇÃO DE PROJETOS BÁSICOS DE ENGENHARIA EM 10 SETORES DE RISCOS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO”, contrato 001/2007. De acordo com este contrato, foram selecionados 10 setores de risco, dos 32 levantados, para o desenvolvimento dos projetos básicos. Os projetos correspondentes aos Setores de Risco foram desenvolvidos ao longo do ano de 2007/08 e estão apresentados em forma de relatórios e plantas executivas.  Nos relatórios podem ser encontradas informações sobre a caracterização geológico-geotécnico dos setores, a tipologia e a localização das intervenções a serem executadas. Mostram ainda as memórias de cálculo que embasaram as soluções adotadas, bem como as plantas, em formato A1, do desenvolvimento do projeto e os correspondentes orçamentos de cada Setor estudado.
O valor total estimado para a implantação das obras de mitigação de risco geotécnico dos Setores contemplados foi da ordem de R$ 22.500.000,00 (vinte e dois milhões e quinhentos mil reais).

Pesquisa investiga efeitos da poluição do ar no Túnel Rebouças e na Av. Brasil

A poluição do ar provocada por automóveis é um grande desafio ambiental para os habitantes das metrópoles. No Rio, o intenso fluxo de veículos é o principal responsável pela emissão de gases tóxicos na atmosfera da cidade. De acordo com o Relatório Anual de Qualidade do Ar do Estado do Rio de Janeiro, do Instituto Nacional do Meio Ambiente (Inea), de 2009, as fontes móveis – como carros, caminhões e ônibus – emitem 77% do total de poluentes lançados na atmosfera na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, enquanto as fontes fixas – entre elas, as fábricas – representam apenas 23%. Para fazer um diagnóstico da qualidade do ar em pontos-chave do tráfego carioca, uma pesquisa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) com apoio da FAPERJ, por meio do edital Estudo de Soluções para o Meio Ambiente, está monitorando dois importantes locais de passagem de veículos no Rio: o Túnel Rebouças e a Avenida Brasil. Além de avaliar as condições atmosféricas nesses pontos movimentados da cidade, o estudo tem como objetivo verificar os possíveis impactos da poluição do ar na saúde das pessoas que circulam por ali diariamente. Para isso, pesquisadores do Laboratório de Mutagênese Ambiental (Labmut), do Departamento de Biofísica e Biometria do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes, da Uerj, investigam a concentração de agentes mutagênicos – aqueles capazes de modificar as sequências de DNA, causando mutações que podem levar ao desenvolvimento do câncer – presentes no ar do Túnel Rebouças e da Avenida Brasil. “Em ambientes onde as concentrações dos poluentes são elevadas, e dependendo de sua toxicidade, podem ocorrer efeitos genotóxicos com chances de comprometer a saúde dos ecossistemas”, explica o professor e biólogo Israel Felzenszwalb.

Monitoramento da qualidade do ar
O estudo, submetido à FAPERJ em dezembro de 2008 e ainda em curso, já apresenta alguns resultados parciais. Os pesquisadores estão monitorando as condições do ar na Avenida Brasil, desde abril de 2010, e no Túnel Rebouças, desde junho deste ano. A qualidade do ar nessas vias é avaliada com o Amostrador de Grande Volume, um equipamento que determina a concentração de partículas totais em suspensão na atmosfera. Esse material particulado fica aderido a um filtro inserido no coletor do equipamento, periodicamente analisado. “Tanto na Avenida Brasil quanto no Túnel Rebouças verificamos a presença predominante de nitrocompostos, entre eles de substâncias conhecidas como hidrocarbonetos policíclico-aromáticos. Esses poluentes são capazes de provocar mutações mesmo sem sofrer qualquer tipo de metabolização”, destaca. O equipamento responsável pela coleta do ar dentro do Rebouças está localizado no vão entre as duas galerias do túnel, próximo à Lagoa. Ele funciona por seis horas durante quatro dias na semana, totalizando 24 horas de coleta semanal. “Toda semana, durante uma madrugada, quando o túnel fecha para manutenção, recolhemos o filtro para análise e recolocamos um novo”, explica. Na Avenida Brasil, outro equipamento idêntico foi instalado no pátio do Ciep Leonel de Moura Brizola, na altura de Ramos, junto à passarela número 13. Ele coleta o material particulado do ar 24 horas por dia.  “Como se trata de um ambiente fechado, em seis horas, o filtro do coletor já fica saturado no Rebouças, enquanto na Avenida Brasil é preciso 24 horas para saturá-lo”, explica Felzenszwalb. Por isso, o volume de material particulado coletado no filtro do equipamento instalado no túnel se torna menor quando comparado ao da Avenida Brasil. “O volume coletado no Rebouças é quatro vezes menor em comparação ao volume coletado na Brasil”, diz o professor, lembrando que os equipamentos também avaliam medidas de variação de temperatura, umidade e pressão.

Testes laboratoriais


Filtro antes (à esquerda) e depois da coleta (à direita)


Depois que o material particulado do ar é coletado pelos equipamentos instalados em ambos os locais, os pesquisadores do Labmut/Uerj realizam dois procedimentos laboratoriais para tentar identificar o potencial mutagênico dos poluentes encontrados em suspensão no ar. Um deles é o Teste de Ames, um ensaio biológico reconhecido internacionalmente, que fornece informações sobre a capacidade de agentes físicos e químicos induzirem ao desenvolvimento de mutações no material genético das células.  “O filtro recolhido do Amostrador de Grande Volume é ‘lavado’ e o material obtido é submetido ao ensaio bacteriano de Ames. Quando o valor do índice de mutagenicidade é superior a dois, dizemos que o material em análise tem potencial mutagênico”, detalha o professor, que observou nos dois locais um índice de mutagenicidade considerável. “As amostras coletadas na Avenida Brasil apresentaram um índice de mutagenicidade 3 e 4. Nas amostras do Tínel Rebouças, o índice de mutagenicidade variou entre 9 e 23, e o efeito mutagênico foi visualizado logo na primeira concentração.” O outro procedimento técnico a ser adotado no estudo é o teste de micronúcleo, utilizando a planta Tradescantia pallida var. purpúrea. Conhecida popularmente como coração-roxo, essa espécie ornamental, comum no Rio, funciona como um termômetro natural da presença de substâncias mutagênicas no ar, sendo por isso considerada um ótimo bioindicador. Sensível, ela apresenta mutações quando em contato com poluentes, servindo como um sensor na avaliação da qualidade do ar. “O teste de micronúcleo com a Tradescantia é considerado um excelente bioindicador pela simplicidade da metodologia e pela sensibilidade da planta aos agentes genotóxicos”, diz Felzenszwalb.  Em contato com os poluentes, as células da Tradescantia costumam apresentar alta frequência de micronúcleos, o que indica a ocorrência de mutação genética. Essa etapa de testes, no entanto, ainda será realizada. Por enquanto, os pesquisadores colocaram mudas da Tradescantia em pontos estratégicos do Túnel Rebouças e da Avenida Brasil. “As plantas colocadas no Rebouças não sobreviveram. Mesmo sendo uma planta resistente, parece que a poluição no local está bem acima de sua capacidade de sobrevivência”, pondera.

Para dar continuidade a essa etapa, a equipe do Labmut planeja outra estratégia. “Estamos avaliando a possibilidade de usar o material obtido do filtro coletor para uma avaliação direta em mudas saudáveis, em laboratório, e assim podermos continuar o estudo”, explica. “Usaremos a solução produzida pela lavagem dos filtros colocados no Rebouças para pulverizar as plantas, e faremos uma posterior avaliação de micronúcleos”, completa. Na Avenida Brasil, o experimento com as plantas foi iniciado há menos de um mês, no mesmo local da instalação do Amostrador de Grande Volume, e os pesquisadores ainda não processaram os resultados. O projeto também tem o objetivo de promover a educação ambiental. Estudantes do Ciep Leonel de Moura Brizola, na Avenida Brasil, tiveram três encontros com os pesquisadores para discutir a problemática da poluição do ar atmosférico. “Tentamos conscientizar os jovens sobre a necessidade de preservação do meio ambiente”, conta. “Esperamos que a atividade de educação ambiental venha a contribuir para a conscientização cidadã da comunidade e que ela tenha um efeito multiplicador”, conclui.  Além do professor Israel Felzenszwalb, participam do projeto os pesquisadores Claudia Aiub e José Luis da Costa Mazzei, ambos do Labmut/Uerj; o professor Sérgio Machado, da Faculdade de Tecnologia da Uerj; a mestranda Claudia Rainho, do programa de Pós-Graduação em Biociências do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes, da Uerj; e o aluno de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Antonio de Salles Guerra.


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