quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Gigantescos gasodutos trarão gás do Ártico ‘Canadense’

Autor/Fonte: Luis Olavo Dantas, junho/07.

Gigantescos gasodutos trarão gás do Ártico ‘Canadense’

Se você não sabe onde é o delta do rio Mackenzie, ou a área conhecida como North Slope, não se preocupe – pouca gente sabe. Se procurar no mapa, vai descobrir que estamos falando do litoral norte do Canadá e do Alaska, lugares dos menos habitáveis do planeta, no mar gelado do Ártico, sujeito a ventos polares, nada que valesse muito a pena até a descoberta de reservas de gás natural da ordem de centenas de bilhões de m³.No ano de 2000, comprovada a existência de gás em escala comercial no delta do Mackenzie, foi formado um grupo que inclui a Conoco Phillips, a Shell, a Exxon Mobil, a Imperial Oil, operadora do empreendimento, e a APG – Aboriginal Pipeline Group, que reúne os interesses de diversos povos originais do noroeste canadense.À medida que o projeto tomava forma, e eram conhecidas com mais detalhes as dificuldades do empreendimento, os custos estimados foram subindo, e os últimos números, anunciados pelos acionistas do Mackenzie Valley Pipeline (MVP), já chegam a mais de US$ 17 bilhões, dos quais cerca de metade para o desenvolvimento dos campos de gás no delta e outro tanto para o gasoduto.A linha principal proposta não é tão grande assim, são 1.200 km desde o Ártico canadense até a fronteira da província de Alberta. A capacidade do gasoduto seria de 34 milhões de m³/dia, da ordem de grandeza do Gasbol, mas as dificuldades construtivas do terreno gelado levam o custo para US$ 8,3 bilhões, a serem gastos até 2014, novo prazo estimado pelo operador Imperial Oil. O vulto dos investimentos está levando a outras idéias, como a que foi apresentada em maio passado em Houston, durante a OTC – Offshore Technology Conference, por um integrante do governo canadense. Ele propôs que as reservas do North Slope do Alaska, que têm problema semelhante (estão a milhares de quilômetros dos centros de consumo) sejam conduzidas no mesmo gasoduto norte-sul que as do Mackenzie, sendo neste caso ligadas à região produtora canadense por um gasoduto correndo na direção leste-oeste. Nesta opção, o gasoduto delta do Mackenzie – Alberta seria ampliado, talvez para 50 milhões de m³/dia ou mais. Apesar da aparência lógica da proposta, comenta a publicação especializada Oil & Gas Journal, a idéia canadense foi recebida com desagrado pelos representantes do Alaska, interessados nos benefícios para o desenvolvimento de seu estado com os bilhões que um gasoduto próprio proporcionaria. Além disso, há os interesses dos aborígenes canadenses que têm 33% do MVP, e de um grupo que até agora não aderiu e pode causar problemas de passagem na parte sul do gasoduto.Seja como for, a situação de abastecimento do mercado americano de gás natural forçará, a curto prazo, a monetização das reservas do Ártico, canadense ou americano. Como foi dito em Houston, a cada período de tempo crescem os custos do aço, equipamentos, mão de obra e demais insumos que deverão ser empregados, e a subida de preço do GNL (talvez a única alternativa americana fora destes grandes gasodutos) torna as decisões urgentes. “Temos que trazer este gás para o mercado”, disse o ministro canadense, e aí não houve vozes discordantes.

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