Lições de Liderança aprendidas com os Mineradores Chilenos.
Há muito tempo não se via uma corrente mundial tão uníssona em torno de um resultado positivo. Pessoas do mundo inteiro emanaram energias para que os 33 mineiros chilenos saíssem da enrascada em que se meteram, e acredito que o resultado não poderia ter sido outro, senão, a vitória da persistência e da paciência.
Em pouco tempo, diversas literaturas sobre o tema invadirão as livrarias, interpretando os acontecimentos sob as mais variadas óticas. Portanto, adotando uma posição vanguardista, sejamos um dos primeiros a analisar sob o aspecto da liderança.
Quais lições de liderança podemos aprender com este grupo de mineiros, com baixíssimo nível de escolaridade e ausência total de experiência corporativa? A resposta é: Inúmeras.
Acredito que a primeira delas resida no combate a um conjunto de aspectos que chamarei de “fator adverso”. Após o desmoronamento que isolou completamente o grupo de trabalhadores do contato com a superfície, os mesmos ficaram completamente incomunicáveis por aproximadamente 13 dias. A imprensa chilena chegou a dar como mortos os heróicos trabalhadores e certamente os mesmos, lá em baixo, acreditavam que haviam desistido de procurá-los. A ausência de comunicação, luminosidade e qualquer perspectiva positiva de salvação, contribuíam para que o fator adverso impedisse uma performance significativa de liderança eficiente. Mas não foi o que aconteceu.
Mesmo sem qualquer sinalização de resgate, os mineiros se organizaram em equipes, distribuíram a comida de forma racional, mantiveram a estrutura hierárquica original e ainda assim, continuaram com os trabalhos no interior da mina. O fator adverso fora adaptado á relação de trabalho, mesmo sem qualquer certeza de que esta estratégia seria eficiente.
Traçando um paralelo com as empresas da atualidade, podemos dizer que muitas delas não conseguem administrar suas equipes com fatores adversos muito menores. Uma mudança da estratégia, a cobrança para a entrega de um projeto ou um esforço para o alcance de uma meta, podem ser suficientes para uma deserção generalizada dos colaboradores ou, até mesmo, pela desistência de comprometimento das equipes. Neste caso, o papel da liderança em manter a ordem no “interior da mina” é a chave do sucesso da equipe, mesmo que alguns colaboradores não enxerguem perspectiva de melhora.
Após serem localizados, a expectativa de salvamento imediato foi descartada pela equipe em terra, derrubando pela segunda vez a moral da equipe. Ao líder do grupo, Luiz Urzúa, ficou a difícil tarefa de comunicar que o resgate seria feito em até 6 meses. Um grupo de cinco mineiros se rebelou e decidiu cavar com os próprios meios uma saída da mina de San José. Deste acontecimento, vale o aprendizado do sábio “escalonamento” dos problemas. Observando que tal rebelião poderia fugir ao seu controle, o líder reportou os problemas internos á seus superiores (tanto hierarquicamente quanto geologicamente), que intervieram determinando que os mineiros rebeldes seguissem as determinações de Urzúa, sob pena de serem punidos.
Muitas vezes, os líderes de equipe deixam de reportar problemas aos seus gestores, por receio de serem interpretados como co-responsáveis da situação narrada. Assim, problemas que começam pequenos podem ficar incontornáveis. O Líder de um time deve ter a humildade de solicitar a ajuda de seu gestor quando sentir necessidade. Ninguém nasce um exímio gestor de pessoas. Até Gandhi teve um mestre. Pensar que podemos resolver qualquer conflito sozinhos, pode ser a diferença entre sermos resgatados ou continuar no fundo da mina.
Alberto Roitman
Proprietário da conta Rede OpenLink
Banking Manager at Overlap Consultores
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