quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Ibram eleva para US$ 52 bi estimativa de investimentos em mineração

São Paulo - 10 de Setembro de 2008
O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) revisou as estimativas de investimentos do setor de US$ 42 bilhões para US$ 57 bilhões até 2012. Na avaliação do presidente do instituto, Paulo Camillo, os números refletem a confiança na manutenção de um ciclo mais longo de alta das commodities metálicas, no qual a palavra de ordem continua sendo China. Distribuídos em uma lista de 48 projetos, o montante abriga tanto planos de expansão quanto novos negócios.O minério de ferro mantém de longe a liderança dos recursos, recebendo cerca de US$ 37 bilhões, ou 65% do total. Em seguida figura a exploração do níquel, que receberá outros US$ 6,2 bilhões nos próximos cinco anos. O aquecimento do mercado de mineração tem passado ao largo das incertezas trazidas pela crise americana do subprime (hipotecas de alto risco). "Estamos completando um ano de crise das hipotecas americanas. Apesar disso, os investimentos em mineração mais do que dobraram no Brasil. Em junho de 2007, nossa projeção para cinco anos era de que o País receberia US$ 24 bilhões em investimentos. Hoje, estamos em US$ 57 bilhões", ressalta Camillo.
Neste contexto de demanda aquecida, a Vale tem o audacioso plano de investir US$ 59 bilhões até 2012. O montante inclui recursos não só para seus projetos em mineração no Brasil, mas também em outros países, bem como em logística e pesquisas minerais. No que diz respeito ao carro-chefe dos investimentos, Camillo conta que reservas que antes eram consideradas de baixa relação custo/benefício agora passam a se tornar mais atraentes. "Isto explica o interesse de grandes grupos não só por novos projetos, mas também por minas que já estão em operação e que têm potencial para aumentar os volumes produzidos.

Nestes casos, os compradores ganham tempo porque não precisam aguardar por licenças ambientais", explica ele. Um exemplo que ilustra bem este movimento ocorreu no início deste ano, quando a Usiminas adquiriu a mineradora J. Mendes, localizada em Minas Gerais, por cerca de US$ 1 bilhão. No ato da compra, a siderúrgica anunciou que iria aumentar a produção da mina dos atuais 6 milhões de toneladas/ano, para 29 milhões de toneladas;ano até 2012. Assim como a J. Mendes, existe uma verdadeira corrida por reservas pouco ou nada exploradas. O empresário Eike Batista, proprietário do grupo EBX, tem sido um dos protagonistas desta movimentação.
Ele vem adquirindo, inclusive de pessoas físicas, diversos depósitos minerários na região de Minas Gerais.
Foi desta forma que ele montou o projeto MMX Minas-Rio, vendido, recentemente, à sul-africana Anglo American. Na área de níquel, os destaques têm sido os novos projetos. Neste grupo enquadra-se a Mirabela Mineração, companhia júnior que deve investir US$ 330 milhões até 2009.

A empresa inicia no ano que vem a produção de ferro-níquel do projeto Santa Rita, localizado no município baiano de Itagibá, a 370 km de Salvador. O local é apontado como a maior jazida de níquel sulfetado da América Latina, com tempo de vida útil da mina estimado em mais de 20 anos. A meta é produzir 147 mil toneladas/ano de concentrado de níquel. Outra empresa júnior, a britânica Horizonte Minerals, comunicou, no início desta semana, a descoberta de uma jazida "significativa" de níquel laterítico em seu projeto Lontra, na província mineral do Carajás. O apetite por negócios de mineração também se alastra para as áreas de ouro, alumina, bauxita e cobre. Neste último, as previsões são de que o País atinja sua auto-suficiência em dois anos.
"Temos grande diversidade de minerais, mas ainda conhecemos pouco nossas reservas. Apenas 30% do território nacional possui um levantamento geológico razoável do assunto", acrescenta o presidente do Ibram.
Ele destaca, porém, que o interesse em se mapear com mais detalhes este território vem crescendo. Os investimentos, entre privados e públicos, saltaram de US$ 80 milhões, em 2002, para US$ 450 milhões este ano. O entrave aos investimentos, no entanto, esbarra na logística. "A expansão de negócios na região do quadrilátero mineiro, por exemplo, se torna mais simples porque ali já existe ferrovia e toda uma estrutura. Em novas áreas esta estrutura não existe e é um fator de encarecimento dos projetos", destaca ele.

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