segunda-feira, 30 de maio de 2011

Dia do Geólogo - 30 de Maio - OLHE À SUA VOLTA, HÁ UM GEÓLOGO POR AÍ

Dia do Geólogo

Dia do Geólogo, 30 de Maio
OLHE À SUA VOLTA, HÁ UM GEÓLOGO POR AÍ

No dia 30 de maio comemora-se internacionalmente o Dia do Geólogo. Diferentemente de vários países do mundo, onde a atividade profissional do Geólogo é já entendida em sua enorme importância para o Homem, tem sido regra em nosso país que esse dia passe praticamente despercebido pela sociedade, reflexo do ainda o precário conhecimento que esta sociedade tem sobre a atividade de seus geólogos.
Dia do Geólogo
Diga-se a bem da verdade que esse relativo desconhecimento deve-se em boa parte aos próprios geólogos, em geral mais afeitos a seus círculos profissionais específicos e restritos e despreocupados em dialogar mais abertamente com a sociedade sobre as importantíssimas questões com as quais trabalha.
Simplificadamente, podemos dividir em três grandes planos a atividade profissional do Geólogo, todos eles, como se verá, com estreita relação com o cotidiano e com a qualidade da vida humana no planeta: Fenômenos Geológicos Naturais, no âmbito do qual o Geólogo investiga fenômenos associados à dinâmica geológica do planeta, como terremotos, maremotos, vulcanismos, variações térmicas planetárias e suas conseqüências, processos regionais de desertificação, escorregamentos e avalanches naturais em regiões serranas, etc., definindo cuidados e providências que devam ser tomados pelo Homem para evitar ou reduzir ao máximo os danos que esses fenômenos possam causar;
Exploração de Recursos Minerais, plano em que o Geólogo estuda a formação de jazidas minerais de interesse do Homem (ferro, manganês, cobre, carvão mineral, petróleo, água subterrânea, urânio, alumínio, areia e brita para construção, argila para cerâmica, etc., etc.), localiza-as na Natureza, avalia-as técnica e economicamente e planeja, juntamente com o Engenheiro de Minas, sua exploração e posterior recuperação ambiental da área afetada; Geologia de Engenharia, dentro do qual o Geólogo estuda as interferências do Homem sobre o meio físico geológico.
Dentro desse plano é importante entender que, para o atendimento de suas necessidades (energia, transporte, alimentação, moradia, segurança física, saúde, comunicação...), o Homem é inexoravelmente levado a ocupar e modificar espaços naturais das mais diversas formas (cidades, agricultura, indústria, usinas elétricas, estradas, portos, canais, extração de minérios, disposição de rejeitos ou resíduos industriais e urbanos...), o que já o transformou no mais poderoso agente geológico hoje atuante na superfície do planeta.
Pois bem, caso esses empreendimentos não levem em conta, desde seu projeto até sua implantação e operação, as características dos materiais e dos processos geológicos naturais com que vão interferir e interagir, é quase certo que a Natureza responda através de acidentes locais (o rompimento de uma barragem, o colapso de uma ponte, a ruptura de um talude, por exemplo), ou graves problemas regionais (o assoreamento de um rio, de um reservatório, de um porto, as enchentes e escorregamentos urbanos, a contaminação de solos e de águas superficiais e subterrâneas, por exemplo), conseqüências todas extremamente onerosas social e financeiramente, e muitas vezes trágicas no que diz respeito à perda de vidas humanas.
Enfim, mesmo com a abdicação do consumismo tresloucado e do crescimento populacional descontrolado, a epopéia civilizatória de chegarmos a uma sociedade onde todos os seres humanos tenham uma vida materialmente digna e espiritualmente plena, exigirá, sem dúvida, a multiplicação de empreendimentos humanos no planeta: exploração mineral, energia, transportes, indústrias, cidades, agricultura, disposição de resíduos...
A Geologia é uma das ciências sobre as quais recai a enorme responsabilidade de tornar essa maravilhosa utopia técnica e ambientalmente possível, sem que a própria possibilidade da vida humana no planeta seja comprometida.
Conclui-se, assim, que para se assegurar que a Humanidade tenha um futuro promissor e pleno de felicidade em seu planeta faz-se cada vez mais imprescindível conversar com a Terra. Para esse diálogo, os homens têm seu inspirado intérprete: o Geólogo.
De outra parte, a Geologia é uma geociência maravilhosa. E seu caráter maravilhoso liga-se à sua intrínseca relação com o movimento (Movimento = Tempo + Espaço). O sentido maior da Geologia é apreender o movimento, os processos que definiram, definem e definirão o Planeta e seus fenômenos. O fator Tempo pode ser também importante em outras profissões, mas na Geologia é a variável permanente e onipresente em todas suas equações.
Dentro desse espírito, é justo rendermos um tributo ao Geólogo escocês James Hutton, que ao final do séc. XVIII, pela primeira vez rompeu documentadamente e corajosamente com os estreitos tabus e dogmas religiosos da época, para os quais o mundo atual era exatamente aquele criado por Deus, cunhando (o Geólogo inglês Charles Lyell logo em seguida deu primorosa e enérgica seqüência à sua teoria) as bases da teoria do Uniformitarismo ("o Presente é a chave do Passado"), a qual, por sinal, Darwin, dando todos os créditos a Lyell e Hutton, aplicou ao mundo Biológico.
Dizia Hutton: "Desde o topo da montanha à praia do mar...tudo está em estado de mudança. Por meio da erosão a superfície da Terra deteriora-se localmente, mas por processos de formação das rochas ela se reconstrói em outra parte.
A Terra possui um estado de crescimento e aumento; ela tem um outro estado, que é o de diminuição e degeneração. Este mundo é, assim, destruído em uma parte, mas renovado em outra".
Ao Geólogo, portanto, com todo o merecimento, cabem as honras e homenagem por mais esse aniversário de sua tão bela profissão.
Fonte: ig.unb.br

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Livro traz a história e o estado da arte da Geologia do Brasil

Luiz SugimotoFotos: Antonio Scarpinetti
Os organizadores do livro: Andréa Bartorelli,
Celso Dal Ré Carneiro, Yociteru Hasui
e Fernando Flávio Marques de Almeida

[3/5/2011] Mais que um livro, Geologia do Brasil é um documento sobre o estado atual do conhecimento geológico do território nacional, organizado por Celso Dal Ré Carneiro, Fernando Flávio Marques de Almeida, Yociteru Hasui e Andréa Bartorelli, que resumem na introdução: “O livro é uma síntese de modelos e informações atualizadas da Geologia do Brasil, gerados por seus principais estudiosos, com exemplos brasileiros de uma série de conceitos de Geologia básica, organizados sob perspectiva temporal, que se estende desde os tempos primitivos, até o passado antigo e a conformação moderna da paisagem”.

Celso Dal Ré Carneiro é docente do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp e conta um pouco da história da geologia no Brasil, que em sua opinião se desenvolve de modo oscilante. “Há épocas de grande investimento e outras em que ele reflui. Tivemos uma Comissão Nacional Geográfica e Geológica criada apenas na virada para o século 20 e que deu origem ao Serviço Geológico do Brasil. Já o serviço dos Estados Unidos existe desde 1839, fundado para acompanhar a expansão da massa de colonizadores para o oeste americano – o governo, necessitando atestar se havia recursos nas terras que distribuía, foi pressionado a investir na geologia”.

Carneiro afirma que os cursos de geologia também demoraram a surgir no país, o que ocorreu a partir da criação da Petrobras, com uma campanha visando à formação de geólogos para a busca de petróleo. “Monteiro Lobato descreveu fatos como a vinda de americanos para nos convencer de que o Brasil nunca encontraria petróleo e que não adiantava o investimento. Mas o governo persistiu e, em 1956/57, surgiram os seis primeiros cursos. Os anos 70 foram ricos, com grande avanço na área. Depois da década perdida de 80, por causa do retrocesso econômico, a geologia voltou a crescer por força das universidades, órgãos de pesquisa e empresas, e agora por força do pré-sal”.

Periodicamente, segundo o docente do IG, é produzida uma obra de referência procurando sintetizar o conhecimento geológico do nosso território, acompanhando a publicação da carta geológica do país. “A última carta foi produzida em 2000 pela CPRM [Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, que guarda as atribuições do Serviço Geológico do Brasil]. São 46 DVDs com todos os mapas do território, unidades que precisam ser descritas para mostrar algo como o estado da arte da geologia. Antes, foram publicados dois livros sobre Geologia do Brasil: o primeiro cobrindo o período Pré-Cambriano, que vai da origem da Terra até 542 milhões de anos atrás, e o outro sobre o período Fanerozóico, que é das bacias sedimentares. Ambos são de 1984 e estão esgotados – e ultrapassados”.

Segundo Celso Carneiro, a ideia de produzir um novo volume de Geologia do Brasil surgiu a partir de outro título que ajudou a organizar, Geologia do continente sul-americano – Evolução da obra de Fernando Flávio Marques de Almeida, lançado em 2004. “O professor Fernando Almeida foi homenageado pela Unicamp com o título de Doutor Honoris Causa em 1991, sendo de longe o maior geólogo brasileiro. Está com 95 anos de idade e atuante. Trabalho com ele desde que me formei na USP, primeiro como seu assistente e depois no IPT [Instituto de Pesquisas Tecnológicas] por 18 anos”.

O professor da Unicamp lembra que vários especialistas se dispuseram prontamente a contribuir, sendo que os capítulos do livro estão prontos desde 2008. “Ocorre que o livro não é comercial e dependemos de patrocínio. Como na obra sobre o professor Almeida, recorremos novamente à Petrobras, que, no entanto, deu a entender que queria a inclusão de geologia básica, com temas como do aquecimento global. Levamos o ano de 2010 para definir que ficaríamos com este livro, que será lançado no Congresso Brasileiro de Geologia do próximo ano, e depois produziríamos um segundo título”.

Celso Carneiro editou por oito anos a Revista Brasileira de Geociências – outra criação de Fernando Almeida e até hoje a mais importante publicação do país na área – e agora está à frente de uma revista da Unicamp, a Terrae Didática. Respaldado por esta experiência na edição, o professor assegura que o conteúdo de Geografia do Brasil não será em ‘geologuês’, facilitando a compreensão por pessoas pouco familiarizadas com as especialidades das ciências da terra. “Temos a obrigação de divulgar a geologia. É um trabalho que não conta para o Currículo Lattes, mas igualmente importante”.

quarta-feira, 4 de maio de 2011