domingo, 16 de março de 2008

Imagens de satélites estão mais acessíveis

Imagens de satélites estão mais acessíveis
Por Celira Caparica
11/03/2008

Disseminação da tecnologia e preços mais acessíveis tornaram as imagens de satélites ferramentas usuais para cientistas de diversas áreas e até para o cidadão comum que pode localizar pela internet endereços de ruas com as imagens captadas do espaço. Os pesquisadores também estão utilizando as ferramentas públicas da rede mundial em seus trabalhos. É o caso da antropóloga Denise Schaan, da Universidade Federal do Pará e presidente da Sociedade de Arqueologia Brasileira. Ela usa a ferramenta Google Earth na busca de novas ocorrências de sítios arqueológicos conhecidos como geoglifos e que estão espalhados por uma área de 270 quilômetros entre Xapuri e Boca do Acre, no estado do Acre. O Google Earth combina os recursos de pesquisa do Google com imagens de satélite, mapas, terrenos para fornecer informações geográficas do mundo todo.O biólogo e especialista em gestão ambiental, Leandro Luiz Giatti, da Fiocruz-Amazonas, usou imagens de satélites para mapear as fontes de água em Iauaretê, uma área indígena em São Gabriel da Cachoeira (AM) no intuito de descrever as condições sanitárias e socioambientais de seus habitantes. “Iauaretê é uma área indígena na Amazônia brasileira que se destaca pela concentração populacional”, diz Giatti. Foram construídos mapas-falantes; realizadas entrevistas; estudos da disposição de resíduos sólidos; localização, amostragem e análise da água de consumo humano; e aplicação de técnica de georeferenciamento (correção das imagens coletadas). A pesquisa mostrou que 89,2% das 65 amostras de água analisadas, estavam contaminadas.Graças aos investimentos do Brasil na construção de dois satélites em parceria com a China, as imagens geradas por esses equipamentos podem ser fornecidas gratuitamente ao cidadão comum, segundo explica o geógrafo Heleno Bezerra da Silva da Embrapa Cerrados, do Distrito Federal,. Os Satélites Sino-Brasileiros de Recursos Terrestres, (CBERS, sigla em inglês) 1 e 2 custaram 150 mil dólares e o Brasil participou com 30% desse valor. Esses satélites, lançados em 1999 e 2003, respectivamente, orbitam a 778 km da Terra e geram imagens utilizadas nos setores de agricultura, meio ambiente, recursos hidrológicos e oceânicos, florestas, geologia entre outros. Segundo Silva, uma imagem de satélite pode ser usada para comparar duas situações diferentes no tempo e espaço. Uma antes do acontecimento e outra depois.

Um programa de computador compara imagens obtidas, por exemplo, com 16 dias de diferença e permite apontar em quais localidades os pontos verdes (matas) são substituídos por outras colorações, que indicam a ocorrência de queimadas, retirada de madeira, plantações de soja, pecuária extensiva, etc. O uso de imagens de satélite também pode ajudar a salvar vidas em casos de catástrofes, no planejamento da ocupação do território ou na formulação de planos de emergência e monitoramento. Segundo, Leonardo Rios, doutor em Ciências Ambientais pela USP de São Carlos, em casos de enchentes, o que pode ser feito é um estudo prévio de áreas que podem ser afetadas por enchentes através da sobreposição de imagens de satélites. Dados históricos de enchentes podem ser levantados para fazer modelos de previsão em SIGs (sistemas de informações geográficas). Um exemplo de utilização desse recurso pode ser encontrado no site do programa de SIG Idrisi.
Entretanto, dependendo da aplicação, as imagens do espaço podem não ser tão acessíveis. Para se obter fotografias de objetos de cerca 30 metros em áreas urbanas, por exemplo, o interessado terá de desembolsar mil reais por quilômetro quadrado, (preço pelos serviços do satélite japonês Ikonos) e, segundo explica Silva, as imagens podem demorar até um mês para ficarem prontas. Para se ter uma idéia de quanto custa utilizar essa tecnologia do espaço, empresas especializadas divulgam os valores desses serviços (ver: Engesat). Leonardo Rios, da USP, aponta ainda outros obstáculos mais prosaicos para o uso desses equipamentos. Um simples céu encoberto, por exemplo, bloqueia as imagens fotográficas, e os sensores tipo radar, que não dependem do clima, ainda não apresentam boa qualidade em imagens de áreas reduzidas. Além dos problemas de ordem técnica, Rios aponta duas outras limitações importantes, o baixo investimento feito no Brasil para a implantação de sistemas de informações geográficas e a falta de pessoal qualificado no setor público. “Esses profissionais poderiam auxiliar nas tomadas de decisões do governo utilizando bases técnicas e não somente políticas”, critica Rios.
Amazônia perde área igual a 40% de SP só em janeiro.
Em janeiro 2008, enquanto o governo divulgava medidas para tentar conter o ritmo acelerado de desmatamento na Amazônia, uma área equivalente a 40% da cidade de São Paulo foi devastada na região.
Os satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) detectaram o abate de 639,1 km2 de florestas no mês, segundo dados consolidados na terça-feira (11/03/08). O desmatamento em janeiro 2008 foi menor do que em novembro e dezembro do ano passado, mas supera os números nos três meses anteriores (agosto, setembro e outubro). O movimento das motosserras na Amazônia nesse período de cinco meses justificou o alerta do governo e deu força a medidas como o corte de crédito e o embargo da produção em áreas desmatadas. Em janeiro teria começado a valer a moratória anunciada pela ministra Marina Silva (Meio Ambiente) à derrubada de árvores por meio da suspensão de novas autorizações para corte de árvores nos 36 municípios com maiores índices de devastação na Amazônia. O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, considerou positivo o resultado apurado ontem pelo Inpe, apesar da grande extensão de área desmatada. Ele alega que as medidas editadas pelo presidente Lula e regulamentadas em janeiro só teriam efeito a partir de fevereiro.O Inpe registrou grandes áreas de desmatamento (acima de 15 km2) nos municípios de Marcelândia (MT) e São Félix do Xingu (PA), que já ocupavam o topo do ranking do desmatamento. Foram registradas grandes extensões de corte de árvores também em Tapurah (MT), município que não entrou na lista dos que mais abatem a floresta. O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, contesta as medições do Inpe. Informações mais precisas sobre a área desmatada na Amazônia só serão divulgadas no segundo semestre deste ano (2008). Mas os números indicados pelo Deter (sistema de detecção de desmatamento em tempo real) - tradicionalmente subdimensionados em relação à área total- mostram que a derrubada da floresta manteve ritmo acelerado.
Sobre as Chuvas. A seca prolongada em janeiro ajuda a explicar os dados relativos ao mês. De acordo com informações do próprio Inpe, choveu menos do que a média histórica do mês em grande parte de Rondônia e em regiões de Mato Grosso e do Pará. Os três Estados -sobretudo os dois últimos- são os que mais desmatam a Amazônia. Em fevereiro também choveu bem menos do que a média histórica. O período de chuvas costuma reduzir a atividade das motosserras, assim como a detecção do problema pelos satélites do Inpe. Na avaliação do governo, mantido o ritmo de desmatamento verificado nos últimos cinco meses de 2007, é provável que o país interrompa a tendência contínua do abate de árvores registrado desde o segundo semestre de 2005. As imagens captadas pelo Deter entre outubro de 2007 e janeiro de 2008 mostram o desaparecimento de uma área sete vezes maior da floresta. (Folha de São Paulo)

Fonte: http://www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=36926

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